UOL

      São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003
  Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DEPOIS DOS 40

O NÚMERO DE INGRESSANTES QUE TÊM ENTRE 55 E 64 ANOS CRESCEU 30% EM UM ANO

"A vida continua e não dá para ficar parado", diz estudante de 73 anos

Caio Guatelli/Folha Imagem
Marleine Luiza Borges Narrano, 54, que é gerente de banco e está no quarto ano de administração


LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL

A vida começa aos 40 anos? Para essa pergunta, cada um possui a sua resposta. O certo é que a vida acadêmica não pára por aí. Cerca de 67 mil pessoas com mais de 40 anos ingressaram em um curso de graduação em 2001, segundo os dados mais recentes do Ministério da Educação.
O total representou aproximadamente 6% do número de ingressos no ano. Em relação a 2000, a faixa etária que mais cresceu proporcionalmente no ensino superior foi a que está entre 55 e 64 anos -o número dessa população estudantil aumentou 30%.
"Procurei uma faculdade para atualizar os meus conhecimentos. A vida continua e não dá para ficar parado", diz Edgar de Palma, 73, que cursa o último ano de direito da Universidade São Judas Tadeu. "Faltava na minha formação profissional um estudo mais profundo nessa área." Ele já é formado em economia, atuou como consultor de empresas e, hoje, trabalha com negócios imobiliários.
Além de ir para a sala de aula, Palma também faz estágio no Escritório de Assistência Jurídica, para carentes, mantido pela faculdade. Ele diz que a experiência é importante para aprender a matéria na prática. Para dar conta de suas obrigações -estágio, trabalho, estudo e aula-, ele diz que sai de casa às 7h e volta às 24h.
"Ele é o ponto de referência da turma, como um capitão de time. Quando surge um problema na sala, ele geralmente é o escolhido para fazer a ponte entre os alunos e os professores", diz Miqueis de Morais, 28, colega de sala de Palma. "Como é estudioso, também ajuda os demais na matéria."

Oportunidade
Depois dos 40 anos, Marleine Luiza Borges Narrano, 54, finalmente encontrou a oportunidade para fazer uma graduação. "Comecei a trabalhar aos 12 anos. Não tinha dinheiro nem mesmo para pagar o ônibus. Em seguida, veio o casamento e, depois, os filhos. Agora que consegui estabilizar a minha vida, entrei na faculdade."
Narrano, que é gerente de banco, está no quarto ano do curso de administração da Universidade Metodista. Ela afirma que, por não ter estudado regularmente por mais de 30 anos, o começo foi estressante, mas, aos poucos, conseguiu se adaptar. "Tenho um grupo unido para fazer trabalhos e estudar, o que ajuda muito."
A bancária Márcia Conceição Guerra, 42, procurou uma graduação por uma exigência de mercado. Ela deseja desenvolver-se na carreira e, para isso, acredita que seja importante ter um diploma. Hoje, ela está no quinto semestre do curso de relações públicas. "Como lido diretamente com o cliente, essa formação pode auxiliar no meu desempenho."
Halle Abdo Dib, 56, que está fazendo cursinho no Objetivo, concorrerá a uma vaga em direito na USP. Ele, que trabalha com projetos imobiliários, diz que o curso será importante para que possa acompanhar todo o processo dos negócios e possa oferecer melhores opções a seus clientes.


Texto Anterior: Calendário
Próximo Texto: Alunos mais velhos são exigentes e mantêm os estudos em dia
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.