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CARREIRA
Musicoterapia trata doenças e estresse
Recursos sonoros, como canto e instrumentos musicais, facilitam comunicação com paciente
DANIELA MERCIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Usar a música em benefício
da saúde é a função do musicoterapeuta, profissional ainda
pouco conhecido, mas com
atuação consolidada na prevenção e na recuperação de
doenças mentais e de problemas psicológicos, como depressão e estresse.
Seu trabalho consiste na utilização de recursos sonoros, como canto e instrumentos musicais, para facilitar a comunicação com o paciente. Ele atua em
atividades que vão desde a
construção de instrumentos,
definição e composição do repertório até a intervenção direta com os doentes.
"Não pode ser qualquer música, não pode ser de qualquer
jeito. O musicoterapeuta tem
de ter uma visão integral do paciente para aplicar a terapia
correta de acordo com o tipo de
necessidade", diz Maristela
Smith, coordenadora do curso
de musicoterapia da FMU.
Segundo ela, a aplicação da
musicoterapia teve início na
área psiquiátrica, principalmente, no tratamento de pessoas com autismo.
Hoje, a terapia é usada como
apoio na reabilitação de problemas neurológicos, como mal de
Alzheimer, e para melhorar a
expressão, a autoestima e a socialização de pessoas portadoras ou não de patologias.
Além de hospitais e clínicas
especializadas, o profissional
pode atuar em asilos, escolas e
até em empresas, em programas de saúde do trabalho.
Formado no ano passado pela FPA (Faculdade Paulista de
Artes), na capital paulista, o
musicoterapeuta André Pereira, 27, conhece bem essa diversidade. Músico desde a adolescência, ele tem um ateliê de
criação de instrumentos musicais, usados para fins terapêuticos, e atende a um grupo de 230
jovens da região do Campo
Limpo (zona sul de SP).
No caso dos jovens, o foco do
trabalho é a composição. "Com
a música, eles falam dos problemas do cotidiano, e isso ajuda
na reflexão e no autoconhecimento", diz ele, que também
atua no controle de estresse de
professores de escolas públicas.
A profissão está em processo
de regulamentação no governo
federal. Segundo a Apemesp
(associação da categoria em
São Paulo), são cerca de 800
profissionais em todo o Estado.
O salário inicial fica entre
R$ 1.500 e R$ 1.800.
No Brasil, segundo o Ministério da Educação, sete instituições possuem graduação na
área -o curso mais antigo é o
do Conservatório Brasileiro de
Música, no Rio de Janeiro, criado na década de 70. UFG (Universidade Federal de Goiás) e
UFMG (Universidade Federal
de Minas Gerais) são as únicas
públicas que oferecem o curso.
No Estado de São Paulo, a
formação ocorre somente na
FMU e na FPA.
Na maioria das faculdades, os
vestibulandos passam por provas específicas de habilidades
musicais, em que devem demonstrar o domínio de um instrumento e noções básicas de
musicalização. A exceção são as
duas faculdades paulistas, que
não têm prova específica de
música no vestibular.
No entanto, para ingressar
na profissão, a experiência com
música é fundamental.
Segundo Maristela Smith, da
FMU, é preciso dominar diferentes instrumentos e estilos
musicais e saber compor para
poder responder às necessidades dos pacientes. "O principal
recurso do musicoterapeuta é a
improvisação", diz.
"[O candidato] Tem que gostar de música e estar disposto a
estudar isso a vida toda", afirma
a coordenadora do curso no
Conservatório, Raquel Siqueira. A instituição dá aulas preparatórias para quem vai prestar
vestibular.
Na faculdade, esse conhecimento é aprimorado. Teoria
musical, história da música e
percepção são algumas disciplinas básicas dos cursos, que duram quatro anos.
Aluna do sexto semestre na
FMU, Marina Gil, 20, também
faz aulas particulares de violão
para melhorar a sua habilidade
com o instrumento. "Escolhi o
violão por ser um instrumento
prático, que não intimida o paciente", diz ela, que ingressou
no curso porque queria trabalhar com inclusão de pessoas
com deficiência.
No currículo dos cursos,
também fazem parte disciplinas da área da saúde, como anatomia, neurologia e psiquiatria.
"O músico estuda para aprender a tocar bem. Já o musicoterapeuta usa a música para melhorar a qualidade de vida das
outras pessoas", afirma Raquel
Siqueira, do Conservatório.
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