São Paulo, terça-feira, 15 de setembro de 2009
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CARREIRA

Musicoterapia trata doenças e estresse

Recursos sonoros, como canto e instrumentos musicais, facilitam comunicação com paciente

DANIELA MERCIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Usar a música em benefício da saúde é a função do musicoterapeuta, profissional ainda pouco conhecido, mas com atuação consolidada na prevenção e na recuperação de doenças mentais e de problemas psicológicos, como depressão e estresse.
Seu trabalho consiste na utilização de recursos sonoros, como canto e instrumentos musicais, para facilitar a comunicação com o paciente. Ele atua em atividades que vão desde a construção de instrumentos, definição e composição do repertório até a intervenção direta com os doentes.
"Não pode ser qualquer música, não pode ser de qualquer jeito. O musicoterapeuta tem de ter uma visão integral do paciente para aplicar a terapia correta de acordo com o tipo de necessidade", diz Maristela Smith, coordenadora do curso de musicoterapia da FMU.
Segundo ela, a aplicação da musicoterapia teve início na área psiquiátrica, principalmente, no tratamento de pessoas com autismo.
Hoje, a terapia é usada como apoio na reabilitação de problemas neurológicos, como mal de Alzheimer, e para melhorar a expressão, a autoestima e a socialização de pessoas portadoras ou não de patologias.
Além de hospitais e clínicas especializadas, o profissional pode atuar em asilos, escolas e até em empresas, em programas de saúde do trabalho.
Formado no ano passado pela FPA (Faculdade Paulista de Artes), na capital paulista, o musicoterapeuta André Pereira, 27, conhece bem essa diversidade. Músico desde a adolescência, ele tem um ateliê de criação de instrumentos musicais, usados para fins terapêuticos, e atende a um grupo de 230 jovens da região do Campo Limpo (zona sul de SP).
No caso dos jovens, o foco do trabalho é a composição. "Com a música, eles falam dos problemas do cotidiano, e isso ajuda na reflexão e no autoconhecimento", diz ele, que também atua no controle de estresse de professores de escolas públicas.
A profissão está em processo de regulamentação no governo federal. Segundo a Apemesp (associação da categoria em São Paulo), são cerca de 800 profissionais em todo o Estado. O salário inicial fica entre R$ 1.500 e R$ 1.800.
No Brasil, segundo o Ministério da Educação, sete instituições possuem graduação na área -o curso mais antigo é o do Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro, criado na década de 70. UFG (Universidade Federal de Goiás) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) são as únicas públicas que oferecem o curso.
No Estado de São Paulo, a formação ocorre somente na FMU e na FPA.
Na maioria das faculdades, os vestibulandos passam por provas específicas de habilidades musicais, em que devem demonstrar o domínio de um instrumento e noções básicas de musicalização. A exceção são as duas faculdades paulistas, que não têm prova específica de música no vestibular.
No entanto, para ingressar na profissão, a experiência com música é fundamental.
Segundo Maristela Smith, da FMU, é preciso dominar diferentes instrumentos e estilos musicais e saber compor para poder responder às necessidades dos pacientes. "O principal recurso do musicoterapeuta é a improvisação", diz.
"[O candidato] Tem que gostar de música e estar disposto a estudar isso a vida toda", afirma a coordenadora do curso no Conservatório, Raquel Siqueira. A instituição dá aulas preparatórias para quem vai prestar vestibular.
Na faculdade, esse conhecimento é aprimorado. Teoria musical, história da música e percepção são algumas disciplinas básicas dos cursos, que duram quatro anos.
Aluna do sexto semestre na FMU, Marina Gil, 20, também faz aulas particulares de violão para melhorar a sua habilidade com o instrumento. "Escolhi o violão por ser um instrumento prático, que não intimida o paciente", diz ela, que ingressou no curso porque queria trabalhar com inclusão de pessoas com deficiência.
No currículo dos cursos, também fazem parte disciplinas da área da saúde, como anatomia, neurologia e psiquiatria. "O músico estuda para aprender a tocar bem. Já o musicoterapeuta usa a música para melhorar a qualidade de vida das outras pessoas", afirma Raquel Siqueira, do Conservatório.


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