São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007
  Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRECOCE

Falta de maturidade pode atrapalhar

Para psicóloga, é possível que resultado ruim influencie aluno a descartar carreira concorrida

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Treineiro da Fuvest no primeiro ano, Rafael Cavina, 15, joga basquete no intervalo do colégio


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Prestar vestibular como treineiro traz experiência, mas é preciso ficar atento para o lado negativo que a prática pode ter para adolescentes que estejam no início do ensino médio.
Segundo a psicóloga Eponina Carvalho, do Núcleo de Orientação Vocacional, a maioria dos estudantes do primeiro ano ainda não tem maturidade emocional para fazer a prova.
"Eles estão numa fase de muitas cobranças e exigências consigo mesmos, se tiverem um resultado baixo, isso pode influenciar na decisão de escolherem uma carreira mais concorrida no futuro", explica.
Para ela, o concorrente que se dá melhor no vestibular é aquele que consegue se manter calmo. "E o estudante que começa a se preocupar com o assunto muito cedo costuma ser ansioso e tenso, assim como sua família." Segundo a psicóloga, as preocupações com o vestibular não podem ocupar o espaço das atividades esportivas, culturais e sociais durante o início do ensino médio. "O apoio da família nesse momento é de fundamental importância", afirma Eponina.
A jornalista Susana Espíndola, que escreveu o livro "Vestibular - Evitando o Stress Familiar" (Ed. Gutenberg) após acompanhar a passagem de dois filhos pelo processo seletivo, afirma acreditar que há dois perigos em fazer o teste antes da hora. "Se o estudante for bem, pode baixar a guarda. Se for mal, tem uma frustração que poderia ser evitada. Meus filhos fizeram só simulados", conta Susana.

Simulados
Para ela, os simulados podem ser menos danosos para a parte emocional do estudante. "Acho que estes testes já valem como treinamento para o estudante saber qual é o tipo de prova que o vestibular oferece", diz.
Rafael Parpinel Cavina, 15, que fez o vestibular da Fuvest como treineiro no final do primeiro ano do ensino médio, afirma que seu bom desempenho na primeira fase -ele acertou 64 de 90 questões- serviu para deixá-lo tranqüilo, mas não ao ponto de parar de estudar. "Agora, no segundo ano, vou estudar mais para as olimpíadas de física e matemática. No terceiro ano, eu vou me dedicar a valer para o vestibular."
A mãe de Rafael, Adriana Parpinel Cavina, avalia que a experiência é positiva para o filho. "Ele é estudioso, se interessou em fazer e eu achei bom. Ele vai olhando o esquema, o ambiente e no vestibular de verdade não vai passar nervoso", afirma.
A partir do segundo ano já fica mais interessante prestar o vestibular como treineiro, segundo Eponina. "O aluno já está mais preparado para se familiarizar com os tipos de questão, com o clima do vestibular e o ambiente que terá de encarar no ano seguinte."
Natália Dalsenter Avilez, 17, que terminou o segundo ano do ensino médio no ano passado, fez a prova do vestibular da Fuvest pela primeira vez como treineira por sugestão da mãe. "Ela fez na época em que estudava e disse que achava interessante que eu fizesse", afirma.
A estudante fez também a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para sentir o clima e saber que tipo de questão é cobrada. "Achei as questões mais fáceis que na Fuvest", avalia.
Após ter um bom desempenho na primeira fase da Fuvest -ela acertou 59 questões- e ter passado para a segunda etapa, Natália diz que descartou a hipótese de fazer cursinho e terceiro ano do ensino médio ao mesmo tempo. "Acho que vai ser melhor, e suficiente, estudar em casa depois do colégio", afirma. (FN)


Texto Anterior: Treineiros em vestibulares de SP
Próximo Texto: Em geral, escolas estimulam que alunos prestem só a partir do segundo ano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.