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PRECOCE
Falta de maturidade pode atrapalhar
Para psicóloga, é possível que resultado ruim influencie aluno a descartar carreira concorrida
Ricardo Nogueira/Folha Imagem
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Treineiro da Fuvest no primeiro ano, Rafael Cavina, 15, joga basquete no intervalo do colégio |
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Prestar vestibular como treineiro traz experiência, mas é
preciso ficar atento para o lado
negativo que a prática pode ter
para adolescentes que estejam
no início do ensino médio.
Segundo a psicóloga Eponina
Carvalho, do Núcleo de Orientação Vocacional, a maioria dos
estudantes do primeiro ano
ainda não tem maturidade
emocional para fazer a prova.
"Eles estão numa fase de
muitas cobranças e exigências
consigo mesmos, se tiverem
um resultado baixo, isso pode
influenciar na decisão de escolherem uma carreira mais concorrida no futuro", explica.
Para ela, o concorrente que
se dá melhor no vestibular é
aquele que consegue se manter
calmo. "E o estudante que começa a se preocupar com o assunto muito cedo costuma ser
ansioso e tenso, assim como
sua família." Segundo a psicóloga, as preocupações com o vestibular não podem ocupar o espaço das atividades esportivas,
culturais e sociais durante o
início do ensino médio. "O
apoio da família nesse momento é de fundamental importância", afirma Eponina.
A jornalista Susana Espíndola, que escreveu o livro "Vestibular - Evitando o Stress Familiar" (Ed. Gutenberg) após
acompanhar a passagem de
dois filhos pelo processo seletivo, afirma acreditar que há dois
perigos em fazer o teste antes
da hora. "Se o estudante for
bem, pode baixar a guarda. Se
for mal, tem uma frustração
que poderia ser evitada. Meus
filhos fizeram só simulados",
conta Susana.
Simulados
Para ela, os simulados podem
ser menos danosos para a parte
emocional do estudante. "Acho
que estes testes já valem como
treinamento para o estudante
saber qual é o tipo de prova que
o vestibular oferece", diz.
Rafael Parpinel Cavina, 15,
que fez o vestibular da Fuvest
como treineiro no final do primeiro ano do ensino médio,
afirma que seu bom desempenho na primeira fase -ele acertou 64 de 90 questões- serviu
para deixá-lo tranqüilo, mas
não ao ponto de parar de estudar. "Agora, no segundo ano,
vou estudar mais para as olimpíadas de física e matemática.
No terceiro ano, eu vou me dedicar a valer para o vestibular."
A mãe de Rafael, Adriana
Parpinel Cavina, avalia que a
experiência é positiva para o filho. "Ele é estudioso, se interessou em fazer e eu achei bom.
Ele vai olhando o esquema, o
ambiente e no vestibular de
verdade não vai passar nervoso", afirma.
A partir do segundo ano já fica mais interessante prestar o
vestibular como treineiro, segundo Eponina. "O aluno já está mais preparado para se familiarizar com os tipos de questão, com o clima do vestibular e
o ambiente que terá de encarar
no ano seguinte."
Natália Dalsenter Avilez, 17,
que terminou o segundo ano do
ensino médio no ano passado,
fez a prova do vestibular da Fuvest pela primeira vez como
treineira por sugestão da mãe.
"Ela fez na época em que estudava e disse que achava interessante que eu fizesse", afirma.
A estudante fez também a
prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para sentir o clima e saber que tipo de
questão é cobrada. "Achei as
questões mais fáceis que na Fuvest", avalia.
Após ter um bom desempenho na primeira fase da Fuvest
-ela acertou 59 questões- e
ter passado para a segunda etapa, Natália diz que descartou a
hipótese de fazer cursinho e
terceiro ano do ensino médio
ao mesmo tempo. "Acho que
vai ser melhor, e suficiente, estudar em casa depois do colégio", afirma.
(FN)
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