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FÍSICA
"O maravilhoso relógio de Newton"
TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
No século 2º, um astrônomo
grego chamado Ptolomeu escreveu um livro intitulado Almagesto, que em árabe significa "o
maior de todos". Nessa obra, ele
confirma o modelo de Aristóteles,
no qual a Terra é estática e está no
centro do universo -a teoria
geocêntrica.
Para rebater a idéia de "loucos"
que propunham a rotação da Terra, Ptolomeu afirmou: "Se a Terra
possuísse movimento de rotação
diário para realizar o seu circuito,
sua velocidade deveria ser muito
grande e, por isso, os objetos sobre ela deveriam ser arremessados, a menos que fossem mantidos em ligação com o planeta por
uma força muito grande".
Foram necessários gigantes como Copérnico, Kepler e Galileu
para que a visão geocêntrica/antropocêntrica do mundo caísse
completamente. Com a formulação de leis que descreviam a trajetória elíptica dos planetas ao redor do Sol e que harmonizavam
os períodos de revolução desses
planetas com suas distâncias do
Sol, derrubou-se o misticismo e
fez-se a razão.
Faltava ainda o aparecimento
de uma "força" que justificasse a
cinemática de Galileu e o movimento planetário de Kepler. Surge, então, Isaac Newton, que, em
1687, formulou a lei da gravitação,
propondo a existência de uma
força de atração entre dois corpos
quaisquer do universo.
O Sol mantém os planetas e cometas ao seu redor, e a Terra atrai
a Lua, satélites, maçãs e homens
com "uma força cuja intensidade
é proporcional ao produto de
suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas". A expressão que
traduz essa lei é "F=G.M.m/d2",
em que G representa a constante
de gravitação universal.
A descoberta de uma lei tão profunda e harmoniosa fez Newton
imaginar o universo como um belo e grandioso relógio, cujas peças
da engrenagem seriam os planetas, as estrelas e o universo todo.
Como era muito religioso, acreditava na intervenção de um criador
divino dando ordem e perfeição e,
quando necessário, corrigindo
eventuais alterações nas trajetórias dos planetas devido às mútuas forças de atração. Seus adversários ironizavam esse deus newtoniano, que era obrigado a regular vez por outra o mecanismo
que ele próprio havia criado como um relojoeiro!
Muitos perceberam a grandiosidade da obra de Newton, como
Alexander Pope, escritor inglês,
que escreveu: "A natureza e as leis
da natureza ocultavam-se nas trevas. Deus disse: "Que Newton se
faça" e fez-se a luz".
Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja
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