São Paulo, terça-feira, 16 de junho de 2009
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DEU NA MÍDIA

Assembleia formaliza o retorno de Cuba à OEA

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em decisão histórica, a reunião da Assembleia Geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), realizada em Honduras, na América Central, neste mês, tornou sem efeito a resolução que excluía Cuba do Sistema Interamericano de Nações.
Passaram-se 47 anos de isolamento desde a reunião de Punta Del Este (Uruguai), em 1962, quando foi oficializado o afastamento da ilha.
Cuba acabara de derrotar a ditadura de Fulgêncio Batista (1959) e, sob protestos de Washington, dava início aos programas de reforma agrária e nacionalização das empresas norte-americanas.
Resultado: os Estados Unidos pressionaram a OEA pela exclusão da ilha caribenha, alegando o alinhamento de Cuba à União Soviética.
Excluída da América, Cuba ganhou o status de posto avançado ou "vitrine" do socialismo soviético no continente. No auge da Guerra Fria, tornou-se uma peça importante no tabuleiro da disputa entre EUA e URSS.
O início dos anos 1960 foi crucial para as relações entre Cuba e EUA. Em abril de 1961, houve a fracassada tentativa de invasão da Baía dos Porcos, que contou com o aval do então presidente John Kennedy (1961-1963) e precipitou o anúncio oficial do caráter socialista da revolução.
Em janeiro de 1962, Cuba foi suspensa dos quadros da OEA. Mais adiante, em outubro, houve a Crise dos Mísseis, que, não fosse o recuo soviético, colocaria a humanidade diante do perigo de uma catástrofe nuclear.
Para encerrar definitivamente o diálogo entre Wa- shington e Havana, foi decretado embargo econômico, que, além de suspender a compra de açúcar e tabaco, proibia a entrada, em território norte-americano, de produtos cuja matéria-prima tivesse origem cubana.
Superadas as turbulências da Guerra Fria após a desintegração do império soviético, Cuba abriu-se ao turismo, mas continuou isolado como o único país comunista da América.
Vieram então os conturbados anos da era Bush (2001-2009), sua implacável "guerra ao terror" e a renúncia de Fidel Castro, em 2006.
Agora, as nações do continente veem com esperança a ascensão de Barack Obama e as primeiras medidas de relaxamento das restrições -viagens e remessas de dinheiro- para norte-americanos com parentes na ilha.
A decisão da OEA parece ser uma sinalização rumo ao fim do embargo e à retomada das relações diplomáticas. No entanto, Havana respondeu de forma cabal: Cuba não está disposta a voltar à OEA -indício de que, nessa parte do continente, a Guerra Fria está longe de ser sepultada.


ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile

rcandelori@uol.com.br


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