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DEU NA MÍDIA
Assembleia formaliza o retorno de Cuba à OEA
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em decisão histórica, a
reunião da Assembleia Geral
da OEA (Organização dos
Estados Americanos), realizada em Honduras, na América Central, neste mês, tornou sem efeito a resolução
que excluía Cuba do Sistema
Interamericano de Nações.
Passaram-se 47 anos de
isolamento desde a reunião
de Punta Del Este (Uruguai),
em 1962, quando foi oficializado o afastamento da ilha.
Cuba acabara de derrotar a
ditadura de Fulgêncio Batista (1959) e, sob protestos de
Washington, dava início aos
programas de reforma agrária e nacionalização das empresas norte-americanas.
Resultado: os Estados Unidos pressionaram a OEA pela exclusão da ilha caribenha,
alegando o alinhamento de
Cuba à União Soviética.
Excluída da América, Cuba
ganhou o status de posto
avançado ou "vitrine" do socialismo soviético no continente. No auge da Guerra
Fria, tornou-se uma peça importante no tabuleiro da disputa entre EUA e URSS.
O início dos anos 1960 foi
crucial para as relações entre
Cuba e EUA. Em abril de 1961,
houve a fracassada tentativa
de invasão da Baía dos Porcos, que contou com o aval do
então presidente John Kennedy (1961-1963) e precipitou
o anúncio oficial do caráter
socialista da revolução.
Em janeiro de 1962, Cuba
foi suspensa dos quadros da
OEA. Mais adiante, em outubro, houve a Crise dos Mísseis, que, não fosse o recuo soviético, colocaria a humanidade diante do perigo de uma
catástrofe nuclear.
Para encerrar definitivamente o diálogo entre Wa-
shington e Havana, foi decretado embargo econômico,
que, além de suspender a
compra de açúcar e tabaco,
proibia a entrada, em território norte-americano, de produtos cuja matéria-prima tivesse origem cubana.
Superadas as turbulências
da Guerra Fria após a desintegração do império soviético, Cuba abriu-se ao turismo,
mas continuou isolado como
o único país comunista da
América.
Vieram então os conturbados anos da era Bush (2001-2009), sua implacável "guerra
ao terror" e a renúncia de Fidel Castro, em 2006.
Agora, as nações do continente veem com esperança a
ascensão de Barack Obama e
as primeiras medidas de relaxamento das restrições -viagens e remessas de dinheiro-
para norte-americanos com
parentes na ilha.
A decisão da OEA parece
ser uma sinalização rumo ao
fim do embargo e à retomada
das relações diplomáticas. No
entanto, Havana respondeu
de forma cabal: Cuba não está
disposta a voltar à OEA -indício de que, nessa parte do
continente, a Guerra Fria está
longe de ser sepultada.
ROBERTO CANDELORI é professor do
colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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