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MATEMÁTICA
Fotos por satélite e a trigonometria
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Muitos satélites usam técnicas
de fotografia da Terra por rotação e esquadrinhamento, o que
significa dizer que o seu sistema
de espelhos e lentes registra imagens conforme o conjunto é rotacionado de um certo ângulo, como mostra a figura 1.
Os registros esquadrinhados
são transmitidos como dados numéricos, que posteriormente são
decodificados e convertidos em
imagem. Os computadores que
fazem o trabalho de conversão do
sinal precisam ser ajustados para
corrigir uma série de distorções
nos dados, por exemplo: (1) a
imagem da superfície curva da
Terra deverá ser projetada em
uma superfície plana de um papel; (2) se os espelhos e lentes tiverem obtido as imagens através de
uma variação constante de rotação angular, o esquadrinhamento
não será feito a taxa constante.
Com o auxílio da trigonometria,
compreenderemos um pouco
melhor a natureza da segunda
fonte de distorção mencionada.
Vamos admitir um satélite a 200
km de altura da Terra, que consiga esquadrinhar 300 km por meio
da rotação de 90 do seu conjunto
óptico (figura 2). Usando a definição de tangente de um ângulo, sabemos que tg = x/200 , onde x é
o esquadrinhamento linear. Admitindo que o satélite registre
imagens, a taxa de rotação angular constante de 1, usando uma
tabela trigonométrica, é fácil verificar que a variação do esquadrinhamento linear não será constante.
Substituindo os valores de
por 1, 2 e 3 em x=200.tg encontraremos para x, respectivamente, os valores 3,49 ; 6,98 e
10,48. Note que a variação de x
não é constante, já que a diferença
entre 6,98 e 3,49 é menor do que a
diferença entre 10,48 e 6,98. Tal
observação sugere um conhecido
resultado trigonométrico, o de
que a relação entre a variação de
um ângulo e da sua tangente não é
linear.
No caso das fotos por satélite,
esse fato deve ser levado em consideração para que sejam feitos
ajustes na decodificação dos sinais transmitidos.
José Luiz Pastore Mello é licenciado
em matemática e mestrando em educação pela USP.
E-mail: jlpmello@uol.com.br
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