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      São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003
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MAKING OF

NEM OS ELABORADORES DE UMA DISCIPLINA SABEM O QUE SERÁ COBRADO NAS OUTRAS

Em SP, só 5 pessoas conhecem o segredo das provas

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
PROIBIDO ENTRAR Para poder entrar em sua sala, o coordenador do vestibular da Fuvest, Roberto Costa, tem de passar o seu crachá para se identificar


ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cinco dos maiores vestibulares de universidades públicas de São Paulo (Fuvest, Unicamp, Unesp, Unifesp e UFSCar) são feitos por mais de 330 mil candidatos. Para garantir que nenhum deles se beneficie do fato de conhecer as perguntas antes da aplicação, ao todo, só cinco pessoas têm acesso aos exames inteiros.
Em cada instituição que realiza os vestibulares, no máximo dois coordenadores sabem tudo o que cairá. Na Fuvest, apenas o coordenador do vestibular, Roberto Costa, e a vice-diretora-executiva, Maria Thereza Fraga Rocco, têm acesso à prova inteira. Na Comvest, que faz os exames da Unicamp, esse poder cabe ao coordenador-executivo, Leandro Tessler, e ao coordenador acadêmico, Cláudio Batalha. Apenas Fernando Dagnoni Prado, diretor acadêmico da Vunesp, conhece tudo o que será pedido nas provas da Unesp, da Unifesp e da UFSCar.
Nas três instituições, a banca de uma disciplina não sabe o que será cobrado nas outras. A banca de matemática, por exemplo, não sabe o que será pedido em física. Os nomes dos elaboradores também são mantidos em sigilo. Normalmente, eles são professores das próprias universidades.
As bancas são compostas por de dois a quatro elaboradores, que trabalham em conjunto. Eles podem formular questões sozinhos, mas devem discutir as propostas entre si. "Nós não trabalhamos por questão, individualmente, mas em grupo, para que a prova de cada disciplina tenha uma unidade", disse Leandro Tessler, da Comvest.
Depois que o primeiro conjunto de propostas de perguntas é entregue para o coordenador do vestibular, ele é analisado por um revisor, que vê se as questões têm um nível adequado, se são cobrados apenas os conteúdos do ensino médio e se não há erros. "O revisor entra quando a banca acha que as perguntas estão prontas. Ele tem poder para vetar questões e propor outras", disse Roberto Costa, da Fuvest.
Após analisar as perguntas, os revisores da Fuvest e da Comvest passam a integrar a banca elaboradora, até chegarem a uma proposta final. Já na Vunesp, o revisor nem sabe quem são os elaboradores. Ele apenas entrega um relatório com suas críticas e sugestões para que a banca analise.
"Em algumas áreas, há concepções de prova inconciliáveis. Se matemática deve ser mais conceitual ou mais numérica, se história deve adotar uma corrente ou outra. Para evitar impasses, os elaboradores são considerados os autores", disse Fernando Dagnoni Prado, da Vunesp.
As questões ainda passam por revisões de linguagem, para verificar se as perguntas são claras e se há erros de grafia.


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