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FÍSICA
Hollywood e a física: 2
TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Na última coluna, mostramos
que, por contrariarem vários
princípios físicos, muitas situações nos filmes de ficção científica, se não são impossíveis, seriam
altamente improváveis.
No filme "Armageddon", por
exemplo, o personagem interpretado pelo ator Bruce Willis e um
grupo de perfuradores de petróleo deveriam instalar um artefato
nuclear para explodir e dividir um
asteróide que se encontrava em
rota de colisão com a Terra. O asteróide era esférico com um raio
de 650 km e uma massa de 1022kg.
Se lembrarmos que o módulo
da aceleração da gravidade (g) na
superfície de uma esfera homogênea é calculado por: g = G.M/R2,
em que G = 6,7x10-11N.m2/kg2 representa a constante da gravitação universal, podemos determinar, aproximadamente, a aceleração da gravidade na superfície do
gigantesco asteróide: 1,6 m/s2. Como esse valor é muito menor que
a aceleração gravitacional na superfície terrestre (10 m/s2), é fácil
concluir que as condições de trabalho na instalação do artefato
deveriam ser muito diferentes das
mostradas no filme.
Vários filmes de ficção científica
se baseiam na teoria da relatividade geral de Einstein para realizarem viagens no tempo. Segundo a
teoria, o espaço composto de três
dimensões, comprimento, largura e altura, passa a ter uma quarta
dimensão, o tempo. Assim como
uma bola de ferro muito pesada
deforma uma cama elástica quando colocada em seu centro, a presença de matéria, como o Sol, por
exemplo, provoca uma deformação nesse universo do espaço-tempo capaz até de curvar a luz. A
teoria também prevê que a geometria desse universo quadridimensional possa ser drasticamente retorcida, devido à presença de
estrelas extremamente densas
que sugam tudo a sua volta, conhecidas como buracos negros.
A possibilidade teórica de viajar
no tempo resulta da conexão entre buracos negros, conhecidos
como buracos-de-minhoca
-verdadeiras "janelas" para viagens temporais.
Filmes como "Contato" e "Jornada nas Estrelas" apresentam
soluções inovadoras para realizarem essas viagens, como encurvar
o espaço-tempo e conectar dois
pontos do Universo, criando um
atalho dimensional para suas viagens. Porém a energia necessária
para criar essa "dobra" temporal,
até hoje, é inatingível!
Como escreveu Stephen Hawking: "A ficção científica sugere
idéias que os cientistas incorporam às suas teorias, mas, às vezes,
a ciência oferece noções mais estranhas do que qualquer ficção
científica".
Tarso Paulo Rodrigues é professor e
coordenador de física do Colégio Augusto Laranja
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