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ATUALIDADES
Nobel da Paz vai para a iraniana Shirin Ebadi
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Shirin Ebadi, 56, iraniana, advogada e defensora dos direitos
humanos, foi agraciada com o
Prêmio Nobel da Paz de 2003. Escritora e professora da Universidade de Teerã, Ebadi foi a primeira juíza do país. O Comitê Nobel
norueguês justificou a escolha pelo seu trabalho como ativista política na defesa dos direitos da mulher, na luta pela democracia e
contra as injustiças sociais.
Militante muçulmana, representa a corrente reformista da política no Irã. Após a Revolução
Iraniana e a ascensão do aiatolá
Khomeini, em 1979, foi obrigada a
renunciar ao seu posto de juíza.
Para o clero conservador do Irã,
"as mulheres são demasiadamente emotivas para administrar a
Justiça". Seu testemunho perante
um tribunal vale a metade e, no
caso de herança, recebe 50% do
que um homem tem direito.
A eleição do presidente Mohamed Khatami, em 1997, fortaleceu
a posição dos reformistas, que
buscavam uma maior flexibilidade nas leis islâmicas e a aproximação com o Ocidente. Sua reeleição, em junho de 2001, com 77%
dos votos, reafirmou o compromisso do povo iraniano com a democracia e com a ampliação dos
direitos fundamentais.
Num momento em que se confrontam, de um lado, os reformistas alinhados ao presidente Khatami, e do outro, o clero fundamentalista ligado ao aiatolá Ali
Khamenei, a premiação de Shirin
Ebadi tem um importante significado político: o reconhecimento e
o estímulo para a continuidade do
processo de transformação da sociedade iraniana.
Mas o presidente George W.
Bush, empenhado em isolar o Irã,
alinhou o país às nações do "eixo
do mal". Washington não percebeu que condenar o regime de
Teerã significa reforçar a posição
dos aiatolás e fragilizar a dos reformistas. O clero xiita iraniano,
ultraconservador, agradece.
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
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