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REDAÇÃO DO LEITOR
Falta de foco compromete unidade do texto
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Embora responda ao tema
proposto, o texto parece um
tanto desfocado. O parágrafo
inicial é muito genérico e a conclusão, da qual foi extraído o título, é bem mais ampla do que
o problema discutido, o que
provoca certa incoerência estrutural. Fica a impressão de
que o tema a ser debatido era a
manipulação ou a falta de personalidade dos jovens, não a
distribuição de preservativos a
adolescentes de 14 anos.
O tom genérico do parágrafo
introdutório dificultou ao redator a entrada no tema propriamente dito. O segundo parágrafo não tem ligação com o
anterior -faltou coesão.
Também faltou posicionar-se com clareza diante do tema.
Aparentemente, o autor do texto é favorável à distribuição dos
preservativos nas escolas, mas
acredita que essa medida só será eficaz se for acompanhada
de um programa educativo capaz de, em conjunto com a família, orientar os jovens no início de sua vida sexual.
O emprego do vocabulário
deixou um pouco a desejar. É
problemático dizer que a cultura é algo "oferecido" aos jovens. Todos somos produtores
(e produto) dela. A palavra
"utopia" parece pouco adequada ao contexto, pois induz à
idéia de que a prática do sexo é
necessariamente um problema
e dá a entender que o ideal seria
que os jovens renunciassem a
ela. O que está em questão é
uma possível indução à iniciação precoce, ou seja, antes do
amadurecimento emocional,
não a prática do sexo em si.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da
Folha.
E-mail:tnicoleti@folhasp.com.br
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