|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HISTÓRIA
Em busca de um projeto nacional
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
No dia 24 de outubro de 1930,
Getúlio Vargas chegou ao poder por meio de um golpe de Estado desferido pelos tenentes. No
discurso como chefe do governo
provisório, caracterizou o movimento do qual era líder como
uma revolução.
Com essa definição, iniciou
uma das maiores polêmicas sobre
a história do Brasil. Alguns historiadores o seguiram nessa conceituação, outros a negaram e outros
ainda chegaram a definir o movimento como contra-revolução.
Certamente não se tratou de uma
revolução no sentido clássico,
mas não há como negar que inaugurou um período de transformações políticas e econômicas do
mais alto significado para o país.
O primeiro governo Vargas
normalmente é dividido em três
períodos: o governo provisório
(1930-34), o constitucional (1934-37) e o Estado Novo (1937-45).
Durante o governo provisório,
Vargas implementou uma política de centralização do poder que
rompeu com o federalismo da República Velha. A Constituição de
34 representou um grande avanço
com a incorporação do voto secreto, do voto feminino e da ampliação dos direitos individuais.
Além disso, Vargas incorporou
direitos trabalhistas à Constituição e legalizou os sindicatos sem
se esquecer de mantê-los sob rígida fiscalização e tutela do Estado.
Em 1937, Vargas se antecipou à
eleição marcada para 1938, desencadeou um golpe de Estado, impôs uma nova Constituição e implantou uma ditadura, que durou
até 1945.
Nesse período, avançou a organização do Estado e aprofundou-se o vetor centralizador com a
criação do Dasp (Departamento
de Administração do Serviço Público), do Dops (espécie de polícia
política) e do DIP (Departamento
de Imprensa e Propaganda), este
dedicado à censura e à exaltação
das realizações do governo.
No plano econômico, em pleno
contexto da Segunda Guerra
Mundial, depois de árduas negociações e de manobras diplomáticas espetaculares, Vargas conseguiu financiamento norte-americano para a implantação do pólo
siderúrgico brasileiro, com a criação da Cia. Siderúrgica Nacional e
da Cia. Vale do Rio Doce, a maior
realização de seu governo. Demonstrou nessa ocasião que,
mesmo em condições adversas, é
possível encontrar alternativas
viáveis para o desenvolvimento
do país. Para isso, foi necessário
compromisso com um projeto de
desenvolvimento soberano, vontade política de implementá-lo e
ousadia para se valer das contradições entre as potências para
promover os interesses nacionais.
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As
Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e
professor no Colégio Rio Branco e na
Universidade Grande ABC.
Email: roberson.co@uol.com.br
Texto Anterior: Química: Os semelhantes muito diferentes Próximo Texto: Biologia: Darwin e a seleção natural Índice
|