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LEITURA OBRIGATÓRIA
EVITE LER APENAS OS RESUMOS, QUE TRAZEM O ENREDO, MAS NÃO A CARACTERÍSTICA LITERÁRIA DA OBRA
Sem alternativa, "atrasado" deve priorizar livros que mais o atraem
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem ainda nem sabe quais são
os livros pedidos nas listas dos
vestibulares provavelmente enfrentará a temível falta de tempo
para ler todas as obras. Nesse caso, priorizar alguns livros e fazer
uma leitura mais "eficiente" pode
ser o único caminho para o vestibulando que está nessa situação.
Caso não tenha o hábito de ler, o
estudante deve começar pelos livros com os quais se sinta mais à
vontade. Uma boa opção para
quem vai prestar a Fuvest é "Memórias de um Sargento de Milícias". "O livro é escrito em prosa e
tem uma narrativa envolvente",
disse Ívian Lara Destro, professora do Cursinho da Poli.
Já o conselho do professor Fernando Teixeira de Andrade, do
Objetivo, é começar pelas obras
que tenham um melhor "custo-benefício". "Como as obras têm o
mesmo peso na prova, o candidato deve começar por livros como
"A Hora da Estrela", que é curto, e
deixar os mais longos, como "O
Primo Basílio", para depois."
Caso alguns livros tenham sido
exigidos no ensino médio, o vestibulando deve dar prioridade para
aqueles que ainda não conhece.
"As releituras também são importantes, pois essa é uma fase de
grandes transformações na vida
do jovem e a leitura que ele faz na
época de vestibular será diferente
da feita no primeiro ano do ensino médio", disse Fernando Marcílio Couto, professor do Anglo.
Uma das decisões mais recorrentes entre os estudantes é optar
pelos resumos. Mas a advertência
é feita por todos os professores:
devem ser utilizados apenas em
último caso como substitutos da
leitura integral. Se optar só pelos
resumos, o candidato pode até
acertar algumas questões, mas
certamente não conseguirá responder às mais complexas.
Os vestibulares, segundo os
professores de cursinho, não cobram o enredo das obras -se assim fosse, os resumos poderiam
ajudar. Ao ler apenas os resumos,
o vestibulando não terá contato
com a característica literária das
obras, como o estilo e a linguagem
utilizados pelos escritores, o que é
o mais importante.
"É uma ilusão pensar que ler resumos e saber o enredo resolve alguma coisa. As questões são feitas
por especialistas que querem que
o aluno tenha uma sensibilidade
para os fatos literários", disse Maria Thereza Fraga Rocco, vice-diretora da Fuvest.
Ao ler os livros obrigatórios, deve-se estar atento à forma como
um fato é narrado. "É importante
prestar atenção às técnicas narrativas, à estrutura do texto e ao
modo como os personagens são
construídos", disse Alberto Bento
Augusto, professor do Etapa.
O vestibulando deve procurar,
por exemplo, entender por que o
autor utilizou certas expressões,
adjetivos, diminutivos ou por que
se deteve durante muito tempo
na descrição de um ambiente.
Uma dica é buscar informações
sobre o contexto histórico em que
a obra foi escrita e sobre a corrente literária à qual pertence o autor.
"Quando ler "Libertinagem", por
exemplo, tem de se saber que a
obra foi escrita no contexto do
modernismo, em que se procurava desestabilizar o estabelecido na
poesia", disse Augusto.
No caso da poesia, em que o
vestibulando costuma ter mais
dificuldade, a leitura não precisa
ser ordenada -podem-se ler alguns poemas por dia, aleatoriamente. "Com o tempo, o estudante estabelece associações entre os
poemas de um mesmo livro e percebe que certos temas são reiterados", disse Marcílio, do Anglo.
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