São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002
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LEITURA OBRIGATÓRIA

EVITE LER APENAS OS RESUMOS, QUE TRAZEM O ENREDO, MAS NÃO A CARACTERÍSTICA LITERÁRIA DA OBRA

Sem alternativa, "atrasado" deve priorizar livros que mais o atraem

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem ainda nem sabe quais são os livros pedidos nas listas dos vestibulares provavelmente enfrentará a temível falta de tempo para ler todas as obras. Nesse caso, priorizar alguns livros e fazer uma leitura mais "eficiente" pode ser o único caminho para o vestibulando que está nessa situação.
Caso não tenha o hábito de ler, o estudante deve começar pelos livros com os quais se sinta mais à vontade. Uma boa opção para quem vai prestar a Fuvest é "Memórias de um Sargento de Milícias". "O livro é escrito em prosa e tem uma narrativa envolvente", disse Ívian Lara Destro, professora do Cursinho da Poli.
Já o conselho do professor Fernando Teixeira de Andrade, do Objetivo, é começar pelas obras que tenham um melhor "custo-benefício". "Como as obras têm o mesmo peso na prova, o candidato deve começar por livros como "A Hora da Estrela", que é curto, e deixar os mais longos, como "O Primo Basílio", para depois."
Caso alguns livros tenham sido exigidos no ensino médio, o vestibulando deve dar prioridade para aqueles que ainda não conhece. "As releituras também são importantes, pois essa é uma fase de grandes transformações na vida do jovem e a leitura que ele faz na época de vestibular será diferente da feita no primeiro ano do ensino médio", disse Fernando Marcílio Couto, professor do Anglo.
Uma das decisões mais recorrentes entre os estudantes é optar pelos resumos. Mas a advertência é feita por todos os professores: devem ser utilizados apenas em último caso como substitutos da leitura integral. Se optar só pelos resumos, o candidato pode até acertar algumas questões, mas certamente não conseguirá responder às mais complexas.
Os vestibulares, segundo os professores de cursinho, não cobram o enredo das obras -se assim fosse, os resumos poderiam ajudar. Ao ler apenas os resumos, o vestibulando não terá contato com a característica literária das obras, como o estilo e a linguagem utilizados pelos escritores, o que é o mais importante.
"É uma ilusão pensar que ler resumos e saber o enredo resolve alguma coisa. As questões são feitas por especialistas que querem que o aluno tenha uma sensibilidade para os fatos literários", disse Maria Thereza Fraga Rocco, vice-diretora da Fuvest.
Ao ler os livros obrigatórios, deve-se estar atento à forma como um fato é narrado. "É importante prestar atenção às técnicas narrativas, à estrutura do texto e ao modo como os personagens são construídos", disse Alberto Bento Augusto, professor do Etapa.
O vestibulando deve procurar, por exemplo, entender por que o autor utilizou certas expressões, adjetivos, diminutivos ou por que se deteve durante muito tempo na descrição de um ambiente.
Uma dica é buscar informações sobre o contexto histórico em que a obra foi escrita e sobre a corrente literária à qual pertence o autor. "Quando ler "Libertinagem", por exemplo, tem de se saber que a obra foi escrita no contexto do modernismo, em que se procurava desestabilizar o estabelecido na poesia", disse Augusto.
No caso da poesia, em que o vestibulando costuma ter mais dificuldade, a leitura não precisa ser ordenada -podem-se ler alguns poemas por dia, aleatoriamente. "Com o tempo, o estudante estabelece associações entre os poemas de um mesmo livro e percebe que certos temas são reiterados", disse Marcílio, do Anglo.



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