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DEU NA MÍDIA
Guerra Fria levou homem à conquista da Lua
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Há 40 anos o astronauta
Neil Armstrong, primeiro
homem a pisar na Lua, disse
a célebre frase ao deixar o
módulo lunar: "Um pequeno
passo para o homem, mas
um grande salto para a humanidade". Aventura memorável, o "grande salto" referia-se à pesquisa, ao avanço
da ciência e da superação de
desafios, cujos subprodutos,
sem dúvida, foram dezenas
de invenções hoje incorporadas ao dia a dia da sociedade.
A conquista da Lua e os
consequentes avanços tecnológicos deflagrados, no entanto, só podem ser compreendidos no contexto da
Guerra Fria.
As duas superpotências
EUA e URSS lutavam pela
hegemonia política, militar e
tecnológica do mundo. Símbolo de poder, a luta pela
conquista do espaço definiu
uma verdadeira guerra cuja
ordem era avançar sobre os
limites do adversário e suplantar suas realizações.
Com o aumento dos arsenais nucleares, o desafio passou a ser o desenvolvimento
da tecnologia de mísseis balísticos, capazes de transportar as ogivas atômicas a longas distâncias.
A largada para a corrida espacial ocorreu no fim dos
anos 1950, com o lançamento,
pela URSS, do Sputnik, primeiro satélite artificial a entrar na órbita da Terra. Se os
soviéticos tomavam a frente,
os EUA respondiam com a
criação da Nasa, a agência espacial norte-americana, cuja
missão estabelecida pelo então presidente John Kennedy
no início dos anos 1960 era levar o homem à Lua.
Ainda na dianteira, Moscou
reafirmou seu pioneirismo ao
colocar o primeiro ser humano em órbita, o cosmonauta
Yuri Gagárin, em 1961. "A
Terra é azul", exclamou Gagárin. Ao lado da proeza tecnológica, a frase transformou-se
em veículo de propaganda
oficial da superioridade do
modelo comunista.
Washington contra-atacou
com o anúncio do projeto
Apollo e, finalmente, em julho de 1969, com a Apollo 11, o
homem venceu o desafio e
saltitou no solo lunar. Marco
da vitória sobre a URSS, esse
feito foi acompanhado pela
TV no mundo inteiro.
Mas, passadas quatro décadas, retoma-se a pergunta
fundamental: para que tanto
esforço, tanto investimento?
Qual o sentido dessa empreitada? Muitas podem ser as
respostas, como vimos, mas
as palavras de Kennedy merecem atenção: "Escolhemos
ir à Lua nesta década e fazer
outras coisas, não porque isso
seja fácil, mas porque é difícil,
porque este objetivo servirá
para organizar e medir o melhor das nossas energias e habilidades, porque o desafio é
um dos que estamos dispostos a aceitar".
Superar desafios aparentemente intransponíveis tornou-se a marca dos EUA, que
o diga a geopolítica.
ROBERTO CANDELORI é professor do colégio Móbile
rcandelori@uol.com.br
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