São Paulo, terça-feira, 28 de agosto de 2007
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EXEMPLO

Projeto motiva alunos da rede pública

Embaixadores da USP vão a escolas contar como conseguiram vaga na maior universidade do país

Leonardo Wen/Folha Imagem
Natasha Roquini e Mainã Nascimento, que se inscreveram na USP após visita dos embaixadores à Escola Estadual Andronico de Mello


DANIELA ARRAIS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A estudante Mainã Nascimento, 17, nem cogitava se inscrever no vestibular da USP. "Achava que era coisa para gente rica, que tinha estudado em colégio superbom."
Quando recebeu a visita dos Embaixadores da USP em sua escola, a estadual Andronico de Mello (zona oeste de SP), mudou de opinião. "Vi que é possível passar no vestibular. Afinal, alunos daqui passaram", diz a vestibulanda, que vai tentar uma vaga em arquitetura.
O projeto Embaixadores da USP, lançado em junho, consiste em convidar estudantes que cursaram o ensino médio em instituições públicas a irem às suas escolas e divulgarem a universidade.
"Queremos ampliar a divulgação, na escola pública, da USP", afirma a pró-reitora de graduação Selma Garrido. "Existe um distanciamento muito grande do sistema público de ensino das universidades públicas. Isso é construído no imaginário da população."
Segundo a pró-reitora, a idéia do projeto surgiu a partir do programa Inclusp, que garante um bônus de 3% na nota do vestibular a estudantes que cursaram todo o ensino médio em instituições públicas.
"Sabemos que existem boas mentes que podem ser fertilizadas aqui na universidade, que têm competência intelectual, preparo, que podem sair daqui bem formados", acrescenta. Para o pró-reitor de cultura e extensão universitária, Sedi Hirano, existe uma resistência, por parte dos alunos, em se inscrever no vestibular. "Muitos estudantes têm o mito de que a USP é para filhos de pessoas ricas ou de classe média, e não para filhos da escola pública."
Esse era o pensamento de Natasha Roquini, 18, aluna do terceiro ano da Andronico de Mello. "Todo mundo quer entrar na USP. Antes, eu pensava "até parece que eu vou conseguir'", diz. Agora, ela se desdobra para conciliar as oito horas diárias de trabalho e as aulas na escola, rotina que a faz ficar das 6h30 às 23h30 na rua.
Daniela Granados, 17, vestibulanda em dúvida entre turismo e hotelaria, também ficou motivada após a visita. "Eles falaram que, se a gente tiver força de vontade, consegue entrar."
O esforço é a aposta de Raphel Dantas, 18, que estudou com alguns dos embaixadores. "A USP nunca foi um sonho distante. A visão da maioria dos alunos é que escola pública é ruim, mas passar no vestibular depende de você mesmo."
Giulliany Leal Russo, 25, caloura de pedagogia e embaixadora da USP, acha que os alunos precisam ter confiança. "É bom ter um plano de estudo, pedir ajuda a professores, se inscrever em um cursinho popular. E, principalmente, confiar no seu potencial. Se achar que não vai passar, é melhor nem fazer a prova."


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