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Texto não explicita relações entre as idéias
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O redator usou os três parágrafos iniciais do texto para
reproduzir com suas palavras o
que disse o secretário de Segurança do Rio de Janeiro: existe
tráfico de drogas no país porque existe mercado consumidor e, assim, se o mercado se
retrair, o narcotráfico também
recuará. Faltou assumir um posicionamento claro sobre o tema -que fosse, de preferência,
além do raciocínio fácil.
Demonstra preocupação
com os dependentes químicos,
que precisam de apoio para
abandonar o vício, e propõe a
criação de programas que atendam essas pessoas e seus familiares gratuitamente. A idéia é
boa, mas o período muito longo e a repetição de palavras observados no quarto parágrafo
prejudicam a fluência do texto.
Afirma que os problemas sociais do país são "fatores" que
devem ser combatidos. "Fator"
é aquilo que contribui para um
resultado. Deveria ter explicitado as relações existentes entre
tais problemas e o narcotráfico.
Apenas enumerar as mazelas
sociais não é suficiente para demonstrar ponto de vista crítico
sobre o tema -chega a soar
como um lugar-comum.
A expressão "sendo assim",
que introduz a conclusão, estabelece um falso vínculo entre as
partes do texto. Talvez a intenção do redator fosse mostrar
que os problemas socioeconômicos do país criam um ambiente propício para o desenvolvimento do narcotráfico,
mas faltou elaborar essa idéia
de modo objetivo. Valeria a pena investir mais esforço na elaboração de um título original.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da
Folha. E-mail:
tnicoleti@folhasp.com.br
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