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MÚSICA
Pianista e violonista lançam o CD "Duo", com repertório próprio e temas de Tom Jobim e Djavan, entre outros
Mariano e Lubambo "petecam" ritmos
EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
No início era admiração, virou
amizade, passou pela parceria e
agora chega ao disco. Lançado pela Trama, "Duo" registra o encontro do pianista e arranjador Cesar
Camargo Mariano com o violonista Romero Lubambo.
São dez faixas em que os músicos brasileiros, só com piano e
violão, esquadrinham um repertório composto por eles próprios,
além de temas de Tom Jobim,
Djavan, Moacir Santos e dos jazzistas norte-americanos Max
Roach e Clifford Brown.
A sonoridade que chega madura ao CD começou a ser alinhavada em 1995, ano em que Mariano
se apresentou no clube Blue Note,
em Nova York. Lubambo estava
na platéia. "Eu já conhecia a música dele e admirava o trabalho que
havia desenvolvido com a Elis Regina e com o quarteto", disse o
violonista, por telefone, de sua casa em Nova Jersey.
Depois disso, passaram a se encontrar na casa de Mariano
-também em Nova Jersey, onde
mora desde 94. Desses encontros,
ressurgiu o quarteto que o pianista montou no início dos anos 60 e
que teve várias formações nas décadas seguintes. Agora, além de
Lubambo, o grupo conta com os
norte-americanos Leo Traversa
(baixo) e Mark Walker (bateria).
"É uma formação que não deve
nada às anteriores. A diferença é
que, quando tocávamos, o dueto
entre mim e o Romero já "gritava"
dentro do quarteto", lembra Mariano, também por telefone.
O CD foi gravado praticamente
ao vivo durante três dias. Apesar
de serem apenas dois no palco, os
músicos conseguem manter no
alto as petecas rítmicas, melódicas
e harmônicas. Para Lubambo, isso se deve à integração desenvolvida ao longo dos anos e ao talento de arranjador de Mariano. "A
gente se completa. Ele é mais jazzista, improvisador, forte, agressivo. Eu sou mais arranjador, organizador, tímido", diz o pianista.
A maior parte do repertório do
CD já passou pelo crivo de platéias americanas, européias e
asiáticas antes de ser gravada. "As
músicas praticamente se escolheram", comenta Lubambo.
Apesar de contar com um dos
maiores arranjadores nascidos no
Brasil -Mariano trabalhou com
Elis Regina, Ivan Lins, Tom Jobim, Kevin Mahogany-, o trabalho de criação perpetuado em
"Duo" deriva de esforço coletivo.
Mariano conta que, nos ensaios
que fez em sua casa, os dois começavam a tocar qualquer coisa.
Uma batida, uma levada, não necessariamente uma canção. Depois, passavam um tempo brincando com aquilo até achar uma
música que se encaixasse naquele
clima. "É mais erro que tentativa."
Mas há casos (minoria) em que
o arranjo foi todo elaborado pelo
pianista. "Choro #7" é um exemplo. "Originalmente, compus essa
música para piano e o clarinete de
Paquito D'Rivera. Com o tempo,
passei a "ouvir" o violão do Romero nessa música e fiz o arranjo baseado nisso."
Tanto Lubambo quanto Mariano manifestam o desejo de fazer
shows no Brasil para dar suporte
ao lançamento do CD. Pode ser
que eles aconteçam em março. O
obstáculo maior é a agenda do
primeiro, violonista solicitadíssimo por gente como Diana Krall,
Dianne Reeves e James Carter, entre uma infinidade de outros músicos de ponta.
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