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MEMÓRIA
Museu Nacional do Afeganistão, em Cabul, promove sua primeira exposição em 13 anos com estátuas restauradas
Remendada, a arte afegã está de volta
CARLOTTA GALL
DO "NEW YORK TIMES"
O recém-reformado Museu Nacional do Afeganistão abriu sua
primeira exposição em 13 anos no
mês passado, exibindo ídolos pré-islâmicos em tamanho humano
que haviam sido destruídos pelo
Taleban quatro anos atrás e foram
restaurados pelo museu e por especialistas internacionais.
As estátuas de madeira do Nuristão, uma das províncias montanhosas no nordeste do Afeganistão, são assunto adequado para a reabertura. A equipe do museu trabalhou com afinco para esconder a coleção dos saqueadores
determinados a destruir todos os
ídolos e representações artísticas
da forma humana.
As figuras, vindas da região no
passado conhecida como Kafiristão, ou Terra dos Pagãos, são efígies de ancestrais e deuses animistas representando crenças e tradições que continuavam a ser celebradas na região há apenas cem
anos. As estátuas, bem como portas entalhadas, pilares e mobília,
datam dos séculos 18 e 19 e foram
levadas a Cabul pelo Exército do
emir Abdur Rahman, soberano
do Afeganistão que converteu o
Kafiristão ao islamismo pela força, em 1896, e rebatizou a província como Nuristão -que significa
Terra da Luz.
As 14 estátuas que restam são
como sentinelas gigantescas, com
rostos lisos, primitivos, grandes
turbantes e enfeites de cabeça, semelhantes às roupas que continuam a ser usadas no Nuristão.
As estátuas foram encaixotadas
no começo dos anos 90, quando a
guerra civil ameaçava dissolver o
país, depois da retirada do Exército soviético de ocupação. Algumas foram armazenadas no Ministério da Cultura, no Kabul Hotel e no museu mesmo, na região
oeste de Cabul, que sofreu pesado
ataque de foguetes em 1993.
Algumas das peças saqueadas
continuam desaparecidas, disse o
professor Max Klimburg, diretor
da Sociedade Austro-Afegã, que
doou diversas de suas descobertas
no Kafiristão, durante os anos 70,
ao museu.
Em abril de 2001, quando os extremistas conquistaram o controle no governo do Taleban e explodiram as gigantescas estátuas de
Buda em Bamiyan, homens armados apreenderam a coleção do
museu. A equipe conseguiu esconder as peças mais valiosas em
caixotes velhos, mas as maiores
foram esmagadas. As figuras de
madeira foram cortadas a machado em até 20 pedaços. Demorou
mais de um mês para que uma
equipe local e um restaurador de
madeira pago pelo governo da
Áustria reconstruíssem as figuras.
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