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DVDS
MUSICAL
Pacote com cinco filmes reúne clássicos do gênero, como "O Picolino"
Caixa recupera o fascínio de Fred Astaire e Ginger Rogers
Divulgação
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Fred Astaire e Ginger Rogers em "Ciúme, Sinal de Amor" (1949), que faz parte da caixa da Warner |
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Olhando agora , de surpresa, em "Ritmo Louco", e
vendo Fred Astaire de chapéu coco e sem jeito, ele lembra Stan
Laurel, o magro da dupla O Gordo e o Magro.
Não é uma semelhança que o
desabone. Astaire era um ator impecável e um comediante de talento que não tinha vergonha de
parecer ridículo. Dois minutos
depois, no entanto, podia recompor-se, e o veríamos na pele do
galã sofisticado, antes de se converter no bailarino elegante, capaz de encher a tela, conduzindo
Ginger Rogers.
Ginger que, a bem da verdade,
era também uma comediante
muito boa. Nos anos 30, essa dupla foi tão célebre que, à parte sustentar a sempre periclitante RKO,
serviu de inspiração para o filme
que Fellini faria nos anos 70 sobre
os bailarinos que viviam de imitá-los ("Ginger e Fred").
O mundo dá voltas, assim como
os direitos autorais, de maneira
que a caixa com cinco comédias
musicais reunindo Ginger e Fred
tem quatro produções da RKO e
uma da MGM, mas é distribuída
pela Warner, que, cuidadosa, insere extras bem informativos em
todos os cinco discos.
O tom é laudatório (quase somos soterrados pelas quase infinitas virtudes de Astaire) e, no final,
temos a impressão de que nesses
extras se fala muito mais do que
seria necessário. Mas esquadrinha-se a produção de cada filme,
de maneira que o fã terá a seu dispor, além do filme, um quadro interessante sobre o modo de trabalho na Hollywood clássica.
Dos cinco filmes, quatro são da
década de 30 e em preto-e-branco. O mais célebre é possivelmente "O Picolino", com a música esfuziante de Irving Berlin, "Cheek-to-Cheek" à frente. Mas o resultado é irregular, e parece faltar ao
filme uma seqüência definitiva.
Se o mais fraco da série RKO é
"Nas Águas da Esquadra", "Vamos Dançar?" aproveita bem os
dotes de sua equipe: a música de
George e Ira Gershwin, a coreografia de Hermes Pan (que domina a série), um coadjuvante de peso como Edward Everett Horton.
E há seqüências musicais ambiciosas. A vantagem de "Ritmo
Louco" vem sobretudo de George
Stevens, talentoso diretor de comédias (embora mais conhecido
pelos seus épicos), que certamente pôs seu dedo no roteiro bem
trabalhado.
Resta, para terminar, "Ciúme,
Sinal de Amor", de 1949. Fred havia anos antes encerrado sua carreira. Voltara para a Metro meio
que por acidente. O filme foi projetado para ele e Judy Garland.
Como Judy não pôde fazer o papel, recompôs-se a velha dupla
com Ginger Rogers.
Uma Ginger já um tanto passada, é verdade. Como, no entanto,
estamos na Metro, numa produção de Arthur Freed, e mesmo se
Charles Walters não era o melhor
dos diretores do gênero na companhia (vinha atrás de Minnelli,
Stanley Donen, Gene Kelly, George Sidney, pelo menos), o que não
falta são aqueles momentos que
deixarão os fãs de musicais ligadíssimos. São esses, no mais, o
público-alvo desta série cujo interesse principal consiste em fixar a
arte de Fred Astaire nos anos 30.
Uma arte que, sozinha, fez toda
uma tendência do gênero musical
no período.
Coleção Astaire e Rogers
Direção: vários
Distribuidora: Warner (R$ 150)
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