|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Comida simples é mais difícil de fazer"
O chef Gordon Ramsay, que transforma a cozinha em inferno no "reality" "Hell's Kitchen", fala à Folha sobre gastronomia
O apresentador inglês, que humilha aprendizes na TV, confessa que só sob pressão ele consegue a "adrenalina para trabalhar bem"
LUCIANA OBNISKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ele "bombou" na TV em
2006 e neste ano continuará a
divertir telespectadores enquanto inferniza aprendizes.
O chef de cozinha inglês Gordon Ramsay, que já era famoso
em seu país (a família Beckham
fez sua ceia de Natal em um de
seus restaurantes), virou astro
internacional com o "reality
show" "Hell's Kitchen", exibido
no Brasil pelo GNT, às quintas,
às 22h30. No programa, ele ensina -e humilha- candidatos a
assumir cozinhas chiques.
Em entrevista à Folha, por e-mail, Ramsay confessa que a
agressividade e a pressão que
demonstra na TV lhe confere a
adrenalina "necessária para
trabalhar bem". E avisa: na cozinha, as coisas mais simples
são as mais difíceis de preparar. Leia abaixo a entrevista.
FOLHA - Seu novo programa é uma
versão do antigo, em que os participantes eram celebridades. Por que
essa troca por pessoas anônimas?
GORDON RAMSAY - Eu percebi
que as celebridades eram frescas e não estavam interessadas
na comida ou no seu preparo.
Elas queriam relançar suas carreiras e estavam usando o programa como um trampolim.
FOLHA - Você costuma tratar os
participantes com muita dureza e
sob constante pressão. Acredita que
essa seja a melhor forma de obter
sucesso profissional?
RAMSAY - Eu definitivamente
prefiro trabalhar sob pressão.
Ela me dá a adrenalina necessária para trabalhar bem, e eu
acredito que pessoas ambiciosas também trabalhem melhor
quando o tempo e os recursos
são limitados.
FOLHA - Você acredita que a competição em restaurantes é tão grande assim como no programa?
RAMSAY - Sem dúvida. O restaurante é um dos locais de trabalho mais competitivos. Acredito que o mundo gastronômico seja muito mais "realista"
que qualquer outra indústria
porque as coisas acontecem
mais rápido. Então, nossos sucessos e fracassos são mais visíveis para a mídia e o público.
FOLHA - Quais são os erros mais
freqüentes ou as receitas mais difíceis para seus alunos?
RAMSAY - Ao contrário do que
muitas pessoas possam pensar,
as coisas mais simples são as
mais difíceis de serem executadas com perfeição. Durante as
entrevistas, nós sempre pedimos para que os aspirantes a
chef preparem uma omelete ou
destrinchem um frango inteiro.
Acredite ou não, as tarefas mais
simples podem distinguir um
bom cozinheiro de um chef.
FOLHA - O que conta mais na apresentação de um prato: aparência,
sabor, mistura de influências e texturas, cores ou algum outro item?
RAMSAY - A aparência de um
prato é muito importante, mas,
no final, a combinação entre o
sabor e a textura é o que fica na
memória.
FOLHA - Você tem alguma receita
inspirada no Brasil?
RAMSAY - Infelizmente, eu ainda preciso visitar o Brasil, então, eu não conheço muito da
culinária brasileira. Meus restaurantes têm mais influências
francesa e européia, apesar de
eu ter incorporado algumas
coisas da cozinha asiática, norte-africana e do Oriente Médio.
Texto Anterior: Crítica/DVD/"Missão Impossível": Caixas com série e três filmes revelam a evolução do gênero Próximo Texto: Música: Cultura abre o ano com Itamar Assumpção Índice
|