São Paulo, segunda-feira, 01 de janeiro de 2007

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"Comida simples é mais difícil de fazer"

O chef Gordon Ramsay, que transforma a cozinha em inferno no "reality" "Hell's Kitchen", fala à Folha sobre gastronomia

O apresentador inglês, que humilha aprendizes na TV, confessa que só sob pressão ele consegue a "adrenalina para trabalhar bem"


LUCIANA OBNISKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ele "bombou" na TV em 2006 e neste ano continuará a divertir telespectadores enquanto inferniza aprendizes.
O chef de cozinha inglês Gordon Ramsay, que já era famoso em seu país (a família Beckham fez sua ceia de Natal em um de seus restaurantes), virou astro internacional com o "reality show" "Hell's Kitchen", exibido no Brasil pelo GNT, às quintas, às 22h30. No programa, ele ensina -e humilha- candidatos a assumir cozinhas chiques.
Em entrevista à Folha, por e-mail, Ramsay confessa que a agressividade e a pressão que demonstra na TV lhe confere a adrenalina "necessária para trabalhar bem". E avisa: na cozinha, as coisas mais simples são as mais difíceis de preparar. Leia abaixo a entrevista.

 

FOLHA - Seu novo programa é uma versão do antigo, em que os participantes eram celebridades. Por que essa troca por pessoas anônimas?
GORDON RAMSAY -
Eu percebi que as celebridades eram frescas e não estavam interessadas na comida ou no seu preparo. Elas queriam relançar suas carreiras e estavam usando o programa como um trampolim.

FOLHA - Você costuma tratar os participantes com muita dureza e sob constante pressão. Acredita que essa seja a melhor forma de obter sucesso profissional?
RAMSAY -
Eu definitivamente prefiro trabalhar sob pressão. Ela me dá a adrenalina necessária para trabalhar bem, e eu acredito que pessoas ambiciosas também trabalhem melhor quando o tempo e os recursos são limitados.

FOLHA - Você acredita que a competição em restaurantes é tão grande assim como no programa?
RAMSAY -
Sem dúvida. O restaurante é um dos locais de trabalho mais competitivos. Acredito que o mundo gastronômico seja muito mais "realista" que qualquer outra indústria porque as coisas acontecem mais rápido. Então, nossos sucessos e fracassos são mais visíveis para a mídia e o público.

FOLHA - Quais são os erros mais freqüentes ou as receitas mais difíceis para seus alunos?
RAMSAY -
Ao contrário do que muitas pessoas possam pensar, as coisas mais simples são as mais difíceis de serem executadas com perfeição. Durante as entrevistas, nós sempre pedimos para que os aspirantes a chef preparem uma omelete ou destrinchem um frango inteiro. Acredite ou não, as tarefas mais simples podem distinguir um bom cozinheiro de um chef.

FOLHA - O que conta mais na apresentação de um prato: aparência, sabor, mistura de influências e texturas, cores ou algum outro item?
RAMSAY -
A aparência de um prato é muito importante, mas, no final, a combinação entre o sabor e a textura é o que fica na memória.

FOLHA - Você tem alguma receita inspirada no Brasil?
RAMSAY -
Infelizmente, eu ainda preciso visitar o Brasil, então, eu não conheço muito da culinária brasileira. Meus restaurantes têm mais influências francesa e européia, apesar de eu ter incorporado algumas coisas da cozinha asiática, norte-africana e do Oriente Médio.


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