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Crítica
"Cidade Baixa" mostra histórias de "carne e osso"
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Logo no início de "Cidade
Baixa" (Cinemax, 21h), Lázaro
Ramos esfaqueia alguém numa
briga de bar. Isso não terá repercussão ao longo da história,
porque nesse belo filme de Sérgio Machado várias coisas são
mostradas sem que, necessariamente, sejam valiosas para o
avanço narrativo.
Se aqui o valor está na experiência do banal, em "Forrest
Gump" (AXN, 22h) tudo é capital e notório, de salvar vidas
na guerra a cruzar um país a pé.
O que Gump faz estará sempre
dentro de uma engrenagem
narrativa, a da história do século 20 -mais especificamente, a
dos EUA, com seu Vietnã, políticas, Aids e tal.
A vida de Gump, assim, é a
própria história americana, e
daí ele ser o narrador, elegendo
apenas os grandes eventos.
É uma lógica positivista, ou
totalizante, em que determinados fatos são partes simbólicas
de um todo. Gump é, desse modo, uma flâmula, uma entidade,
um espectro, ao passo que os
personagens de "Cidade Baixa"
são efetivamente de carne e osso, vivos.
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