São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2001

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OUTONO-INVERNO 2001

Uma e Lorenzo Merlino atraem povo fashion

Circuito off dá partida à temporada de moda

JACKSON ARAUJO
ESPECIAL PARA A FOLHA

CAMILA YAHN
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O circuito off deu a partida na temporada de moda de São Paulo, com diversos eventos acontecendo já desde anteontem. A São Paulo Fashion Week só começou ontem no prédio da Fundação Bienal (zona sudoeste de São Paulo), mas estilistas e marcas pequenas aproveitaram o interesse da mídia e a presença de jornalistas e compradores de outras cidades para mostrar suas coleções de inverno. Os desfiles do evento principal seguem até a próxima segunda-feira, dia 5, na cidade.
Lorenzo Merlino conseguiu atrair os profissionais da moda a seu desfile no salão de cabeleireiro L'Equipe, do qual seu pai é um dos sócios, na rua Estados Unidos (Jardins). O espaço tem como curiosidade o fato de ter abrigado o after-hours Hell's Club, de que Merlino era frequentador.
Ele mostrou um inverno bem a seu estilo: geométrico, intelectualizado, assimétrico, seco e sério. Suas mulheres nada sexies aparentam castidade quase medieval, nos tops de couro e cintos largos.
Merlino montou cenário com cubos brancos, "pedestalizando" suas modelos como nos anos 80, uma imagem da década que serve como fio condutor da coleção.
O estilista faz bom desdobramento das ombreiras, que aparecem em tops de um ombro só, arrematando o busto do tomara-que-caia e estruturando o decote ombro a ombro da blusa de mangas longas e bufantes.
As calças são sempre retas e secas e vêm combinadas com blusas de decote "V", brilhantemente desfiladas por Caroline Ribeiro. Em suas poucas entradas, a modelo emprestou personalidade e elegância às roupas de Merlino, fazendo valer a tal jovialidade e segurança da proposta do estilista. As novatas do casting não seguraram muito a densidade do estilo de Merlino e apareceram envelhecidas, com os cabelos frisados à volta da testa.
Merlino trabalha bem as pregas, que aparecem profundas nas saias, embutidas nas calças e largas nos vestidos tipo bata. Na reduzida coleção masculina, destacam-se um terninho preto de gola arredondada usado com calça sanfonada na barra e a adaptação inteligente da forma do robe de chambre, em couro preto, usado como um trench coat.
Na alfaiataria feminina, o casaco tipo redingote usado com calça reta contrapõe-se com a evolução de golas de terno que surgem no tomara-que-caia, sobrepostas e assimétricas em couro, com saia lápis. Os poucos vestidos e o marcado uso de duas peças (calça e camisa, saia e blusa) garantem um perfume anos 40.
Nídia Duek, ex-mulher do estilista Tufi Duek, da Forum, recebeu, também anteontem, seleto grupo de clientes para apresentação informal de uma coleção que rejuvenesce sua cliente. Mães e filhas se encantaram com o bom desenvolvimento de pulôveres de mohair branco com gola rolê e joviais camisetas com a estampa do beija-flor, tema da coleção.
A marca UMA também apresentou desfile, anteontem, em sua loja-restaurante na Vila Madalena para amigos, imprensa e compradores. No espaço entre a loja e o refeitório, a marca lançou um inverno tipo meia-estação, com ênfase no xadrez e nos tecidos de alfaiataria, transportados para um cenário andrógino e militar. A peça principal é a calça que aparece reta tanto no masculino como no feminino. Nas cores, destaque para o trio vermelho-preto-branco, que já dá ares de tendência.
As estilistas cariocas Mary Zaide e Cláudia Simões pegam carona na temporada paulista e também estabelecem showroom em São Paulo. Com seu estilo clássico e toques de alfaiataria, Mary Zaide recebe clientes e compradores na r. Oscar Freire, 587. Seguindo a mesma linha, inovando nas estampas, Cláudia Simões expõe coleção no salão Iguaçu do hotel Renaissance, nos Jardins.


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