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ARTES PLÁSTICAS
Nova exposição da Tate Modern retrata apogeu criativo de nove metrópoles, entre elas o Rio de Janeiro
Londres vê a arte do tempo da bossa nova
MARCELO STAROBINAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LONDRES
Londres abre hoje para o público uma máquina capaz de transportar as pessoas pelo tempo e pelo espaço. A viagem, que começa
na capital britânica, tem escalas
num set de filmagens da "Bollywood", em Bombaim, na praça
Vermelha da Moscou de Lênin e
Stálin, em 1917, e no estúdio de
Pablo Picasso, na Paris do início
do século passado.
A última parada é um pouso
suave, na areia de Ipanema, ao
som de Tom Jobim. Essa é só uma
de inúmeras formas possíveis de
embriagar-se com a exposição
"Century City: Art and Culture in
the Modern Metropolis", na Tate
Modern Gallery.
A primeira apresentação temporária de impacto do novo museu londrino tenta reunir a essência das manifestações artísticas
-cinema, teatro, artes plásticas,
fotografia, design gráfico etc- do
século 20. Retrata os momentos
de apogeu criativo em nove das
principais metrópoles modernas:
Londres, Paris, Viena, Moscou,
Tóquio, Nova York, Lagos, Bombaim e Rio de Janeiro.
Assim, o Rio dos anos 50 e 60
-da bossa nova, dos neoconcretistas e da arquitetura e urbanismo de Niemeyer e Burle Marx-
ganha uma oportunidade sem
igual de conquistar a parcela dos
europeus que, porventura, ainda
não tenham se apaixonado por algum desses ícones da cidade.
Coube ao carioca Paulo Venâncio Filho (leia entrevista abaixo),
curador da exibição do Rio, o desafio de espremer em duas salas a
produção dos contemporâneos
de Tom, Vinicius e João Gilberto.
O resultado não é um amontoado caótico. Pelo contrário, a primeira sala agrada pelo colorido
das instalações de Hélio Oiticica e
pelas obras de Lygia Clark, Lygia
Pape, Milton da Costa e Sérgio
Camargo.
"O Rio te abre um horizonte",
diz Venâncio Filho, sugerindo
uma analogia entre a disposição
das peças e a distribuição espacial
das paisagens da cidade.
A segunda sala brasileira e a última de toda a exposição recebe o
visitante com a música de Tom
Jobim e João Gilberto. Nela, há
uma área dedicada à modernização arquitetônica, com uma reprodução de um esboço do Pão
de Açúcar e da orla do Rio, assinado por Oscar Niemeyer.
Na exibição de Paris (1905-15),
Pablo Picasso é um dos nomes
presentes, ao lado de Matisse e de
Apollinaire. Também estão pinturas expressionistas da Viena
(1908-18) que testemunhava o
nascimento da psicanálise com
Sigmund Freud.
No "estande" moscovita, há, entres fotos dos pais da União Soviética e cartazes de propaganda comunista, exemplos de obras que
tentavam trazer para a arte o espírito revolucionário.
De acordo com a seleção dos curadores, Tóquio (1967-73) e Nova
York (1969-74) viveram apogeus
artísticos simultâneos. Na apresentação japonesa, destaque para
o impacto do feminismo, com artistas como Yoko Ono, e para o
erotismo ousado da revista "Provoke". Na americana, enfileiram-se temas e artistas velhos conhecidos, como a militância contra a
Guerra do Vietnã e Andy Warhol.
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