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MÚSICA ERUDITA
Soprano é tema de programa de uma hora e meia de duração exibido hoje pelo canal Bravo Brasil
Especial de TV desvenda Kiri Te Kanawa
IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha
A TVA traz, neste mês, um prato
cheio para fãs da soprano Kiri Te
Kanawa, que se apresenta no Brasil em abril.
Um especial sobre a cantora,
com uma hora e meia de duração,
vai ao ar hoje, às 18h, no canal Bravo Brasil, com reprises no dia 10,
também às 18h, no dia 11, às 14h, e
no dia 28, às 18h.
"Kiri Te Kanawa" faz um resumo da biografia da cantora, que
completa 53 anos de idade no próximo dia 6 de março.
O programa recebeu o prêmio de
melhor documentário no Festival
Internacional de Cinema e Televisão de Nova York, em 1992.
No estilo "a mulher por trás do
mito", o filme mostra Kiri Te Kanawa na intimidade, maquiando-se, fazendo cooper, passeando
de barco com os filhos e cozinhando.
Os depoimentos incluem os
maestros Georg Solti, Colin Davis,
Jeffrey Tate e Richard Bonynge,
além da soprano Joan Sutherland.
Já a parte musical traz Kiri cantando ao vivo, em casa, no carro,
em uma gruta e vários ensaios (nos
quais a soprano usa e abusa do direito de errar), bem como a preparação para uma encenação da ópera "Capriccio", de Richard
Strauss.
Pais adotivos
Kiri Te Kanawa nasceu na pequena Gisborne (Nova Zelândia).
De sangue maori (indígenas neozelandeses da raça polinésia), foi
criada por pais adotivos -mãe irlandesa e pai maori.
Graças à vontade férrea da mãe,
entrou para um colégio católico
em Auckland, já com a educação
completamente voltada para a
música.
No documentário, Dame Kiri
conta como irmã Maria, sua professora de canto, a tirava de suas
aulas de outras disciplinas para levá-la aos ensaios do coral.
Ela também fala do preconceito
contra seu sangue indígena, que
começava na família. "Meu pai
não falava maori, nem queria que
eu aprendesse maori", afirma a
soprano.
Buscando carreira internacional,
a cantora mudou-se, em 1966, da
Nova Zelândia (onde fizera dois
filmes, 50 gravações e várias turnês) para o Reino Unido, onde,
completamente desconhecida, estudou no London Opera Centre
(Londres).
O primeiro papel de destaque foi
a Condessa, nas "Bodas de Fígaro", de Mozart, no Covent Garden, em 1971. Três anos depois,
veio a consagração no Metropolitan, de Nova York, interpretando
Desdêmona, em "Otello", de
Verdi.
Mas a grande chance de sua carreira aconteceu em 1981, quando o
mundo inteiro estava assistindo,
pela televisão, ao casamento do
príncipe Charles.
O documentário mostra como
Kiri, no evento, estava vestida para
matar: um chamativo vestido tingido de verde-limão e rosa berrantes, mais um chapéu azul que era
tudo, menos discreto.
Foi a consagração. Daí por diante, ela não perderia a chance de
cantar em torneios de golfe, rúgbi
e premiações do Nobel.
Gravou vários discos "crossover" (destacando o musical
"West Side Story", de Leonard
Bernstein, com José Carreras e regência do próprio compositor),
mas não descuidou da ópera, destacando-se em papéis de Mozart e
Richard Strauss.
Strauss é um compositor especialmente favorecido pelo especial, que mostra Kiri gravando
suas "Quatro Últimas Canções"
com o maestro Georg Solti (que,
meticuloso, corrige o alemão da
cantora a toda hora).
O documentário poderia ter menos música popular e mais ópera.
Poderia, ainda, mostrá-la contracenando com outros astros e
atuando no marcante filme "Don
Giovanni", de Joseph Losey
(1979).
De qualquer maneira, um filme
como este, bem cuidado, encomiástico e abrangente, tem tudo
para agradar os muitos fãs desta
que é uma das mais belas e célebres
cantoras do pós-guerra.
Estes, certamente, devem não
apenas assistir, mas programar
seus videocassetes para gravar o
programa.
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