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CRÍTICA
Duprat se desvenda em estudo
DA REPORTAGEM LOCAL
O maestro Rogério Duprat foi crucial em momentos da
cultura erudita (com o movimento música nova) e popular (com o
tropicalismo) do Brasil. É o que vem demonstrar, pela primeira
vez em livro, a professora e pesquisadora Regiane Graúna.
"Sonoridades Múltiplas" é resultado de estudo acadêmico, mas
nem por isso é um trabalho de total profundidade. Divide-se em
parte biográfica e parte analítica, mas não vai às últimas consequências em nenhuma delas.
Conta, então, com outro trunfo:
a intensa colaboração do próprio Duprat. Regiane vai desvendando
o imaginário de Duprat, muitas vezes por suas próprias palavras.
E assim se vai entendendo, afinal, o porquê da progressiva reclusão do maestro após aqueles
momentos de pleno boom criativo. São notáveis as passagens em
que Duprat destaca sua ojeriza
pelo "fã-clube da personalidade"
e pelo conceito de "gênio" (para
ele indesejavelmente romântico).
Entende-se, afinal, por que Duprat não deixou gravadas suas
obras eruditas (uma delas só sai
do ineditismo graças ao CD encartado no livro). Ou, no pop, por
que Caetano Veloso e Gilberto Gil
nunca mais quiseram saber do
maestro (ou vice-versa). Ao menos na concepção de Duprat, eles
partiram em busca de tudo contra
o que o tropicalismo se insurgira
em 68. E Rogério Duprat ficou.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Rogério Duprat: Sonoridades Múltiplas
Autora: Regiane Gaúna
Lançamento: Unesp
Quanto: R$ 29 (215 págs. mais CD)
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