UOL


São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÍTICA

Duprat se desvenda em estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

O maestro Rogério Duprat foi crucial em momentos da cultura erudita (com o movimento música nova) e popular (com o tropicalismo) do Brasil. É o que vem demonstrar, pela primeira vez em livro, a professora e pesquisadora Regiane Graúna.
"Sonoridades Múltiplas" é resultado de estudo acadêmico, mas nem por isso é um trabalho de total profundidade. Divide-se em parte biográfica e parte analítica, mas não vai às últimas consequências em nenhuma delas.
Conta, então, com outro trunfo: a intensa colaboração do próprio Duprat. Regiane vai desvendando o imaginário de Duprat, muitas vezes por suas próprias palavras.
E assim se vai entendendo, afinal, o porquê da progressiva reclusão do maestro após aqueles momentos de pleno boom criativo. São notáveis as passagens em que Duprat destaca sua ojeriza pelo "fã-clube da personalidade" e pelo conceito de "gênio" (para ele indesejavelmente romântico).
Entende-se, afinal, por que Duprat não deixou gravadas suas obras eruditas (uma delas só sai do ineditismo graças ao CD encartado no livro). Ou, no pop, por que Caetano Veloso e Gilberto Gil nunca mais quiseram saber do maestro (ou vice-versa). Ao menos na concepção de Duprat, eles partiram em busca de tudo contra o que o tropicalismo se insurgira em 68. E Rogério Duprat ficou.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


Rogério Duprat: Sonoridades Múltiplas
   
Autora: Regiane Gaúna
Lançamento: Unesp
Quanto: R$ 29 (215 págs. mais CD)



Texto Anterior: Crítica: Fica a impressão de que ele sabia mais...
Próximo Texto: Trecho
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.