UOL


São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA CULTURAL

Evento que acontecerá em SP, RJ, Salvador e Recife toma corpo com a instalação de comitê gestor

Fórum mundial ensaia passos iniciais

ISRAEL DO VALE
DA REPORTAGEM LOCAL

O grande evento internacional de cultura que São Paulo abriga em 2004 estenderá seus tentáculos a pelo menos outras três capitais do país. Rio de Janeiro, Salvador e Recife receberão parte da programação, estruturada em conferências, mostras e espetáculos. A realização estava prevista para o mês de janeiro, dentro do calendário comemorativo dos 450 anos da cidade, mas já se discute sua transferência para uma data mais próxima do meio do ano.
O evento reunirá representações de todos os continentes. Tem como pano de fundo o debate de novos modelos de circulação de bens culturais e de paradigmas estéticos descolados dos já consagrados pela indústria cultural. A intenção é articular a criação de uma rede global para a cooperação cultural.
Seu passo inicial mais visível para tomar corpo será dado ainda neste mês, com a instalação do comitê gestor brasileiro, numa reunião em Brasília entre os dias 17 e 21, com presença confirmada do ministro Gilberto Gil.
O engajamento do ministro Gil começa já neste Carnaval. Por sugestão dele, o ex-ministro da Cultura francês Jack Lang tem encontro em Salvador com Ruy Cezar Silva, 46, diretor do Instituto Cultural Casa Via Magia, um dos principais articuladores para a realização desta primeira edição do Fórum no Brasil. A reunião terá participação do próprio Gil, que formalizará convite para que Lang componha o comitê internacional do Fórum.
Cezar Silva esteve reunido na última segunda-feira (dia 24) com os secretários estadual e municipal da Cultura de São Paulo, Cláudia Costin e Celso Frateschi, respectivamente. A conversa girou em torno da definição de contrapartidas financeiras de cada parte, da disponibilização de infra-estrutura e da escolha de datas.
O custo do fórum, estima-se, vai de R$ 24 milhões a R$ 30 milhões. Será bancado por sistema de cotas (dez, ao todo), com recursos provenientes das esferas municipal, estadual e federal do governo, de empresas privadas (em boa parte, via lei de incentivo) e de fundações e órgãos internacionais.
A indefinição de datas tem motivação estratégica. O principal esforço é o de evitar o conflito com eventos internacionais de grande porte. Ruy Cezar Silva defende a transferência para entre maio e julho. Além de o calendário ser mais favorável, é um período, diz ele, em que "o clima em São Paulo é mais agradável, com menos calor, menos chuvas".
Mas o tempo urge. A reunião do comitê gestor é a data limite para resolver pendências básicas, entre elas uma certa "crise de identidade" que ainda mantém o próprio nome do evento indefinido.

O nome
A empresa de consultoria internacional contratada para a formatação prévia do evento trabalha com o nome World Culture Forum. A tradução ainda é tema de debates. "Há nuances de significados", diz Cezar Silva. "Estamos entre Fórum da Cultura Mundial e Fórum Cultural Mundial, mas há, por exemplo, quem defenda que seja Fórum das Culturas", conta. Até o final do ano passado, o evento era tratado como Fórum Mundial de Cultura.
Da reunião em Brasília sairão, além da data e do nome definitivos, os integrantes do comitê diretor do Fórum, responsáveis pela montagem do quebra-cabeças da programação e pela execução operacional do evento.
A produção brasileira orbitará em torno de escritórios centrais em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, com possibilidade de subsedes em outras regiões do país. Cerca de 70 eventos entre março e dezembro na América Latina e Caribe acolherão seminários e encontros de promotores culturais. O primeiro deles, no Brasil, é o Festival de Teatro de Curitiba, em março.
Haverá pelo menos seis fóruns preparatórios brasileiros entre junho e julho, começando pelo Recife. As outras cidades já definidas são Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Belém, Recife, Curitiba e Belo Horizonte. São Paulo e Rio de Janeiro também pleiteiam datas específicas.
São eventos preliminares ao grande encontro programado para o segundo semestre, no Rio de Janeiro. A data será definida após o Carnaval, em reunião entre Cezar Silva e a secretária estadual de Cultura carioca, Helena Severo.
A idéia é extrair de cada fórum uma espécie de censo cultural da região, com informações de produtores, artistas e infra-estrutura disponível. Cada participante receberá uma chave de acesso ao banco de dados.


Texto Anterior: Fora da estante
Próximo Texto: Carnaval: Feriado muda programação cultural
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.