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POLÍTICA CULTURAL
Evento que acontecerá em SP, RJ, Salvador e Recife toma corpo com a instalação de comitê gestor
Fórum mundial ensaia passos iniciais
ISRAEL DO VALE
DA REPORTAGEM LOCAL
O grande evento internacional
de cultura que São Paulo abriga
em 2004 estenderá seus tentáculos a pelo menos outras três capitais do país. Rio de Janeiro, Salvador e Recife receberão parte da
programação, estruturada em
conferências, mostras e espetáculos. A realização estava prevista
para o mês de janeiro, dentro do
calendário comemorativo dos 450
anos da cidade, mas já se discute
sua transferência para uma data
mais próxima do meio do ano.
O evento reunirá representações de todos os continentes. Tem
como pano de fundo o debate de
novos modelos de circulação de
bens culturais e de paradigmas estéticos descolados dos já consagrados pela indústria cultural. A
intenção é articular a criação de
uma rede global para a cooperação cultural.
Seu passo inicial mais visível para tomar corpo será dado ainda
neste mês, com a instalação do comitê gestor brasileiro, numa reunião em Brasília entre os dias 17 e
21, com presença confirmada do
ministro Gilberto Gil.
O engajamento do ministro Gil
começa já neste Carnaval. Por sugestão dele, o ex-ministro da Cultura francês Jack Lang tem encontro em Salvador com Ruy Cezar
Silva, 46, diretor do Instituto Cultural Casa Via Magia, um dos
principais articuladores para a
realização desta primeira edição
do Fórum no Brasil. A reunião terá participação do próprio Gil,
que formalizará convite para que
Lang componha o comitê internacional do Fórum.
Cezar Silva esteve reunido na última segunda-feira (dia 24) com
os secretários estadual e municipal da Cultura de São Paulo, Cláudia Costin e Celso Frateschi, respectivamente. A conversa girou
em torno da definição de contrapartidas financeiras de cada parte,
da disponibilização de infra-estrutura e da escolha de datas.
O custo do fórum, estima-se, vai
de R$ 24 milhões a R$ 30 milhões.
Será bancado por sistema de cotas
(dez, ao todo), com recursos provenientes das esferas municipal,
estadual e federal do governo, de
empresas privadas (em boa parte,
via lei de incentivo) e de fundações e órgãos internacionais.
A indefinição de datas tem motivação estratégica. O principal esforço é o de evitar o conflito com
eventos internacionais de grande
porte. Ruy Cezar Silva defende a
transferência para entre maio e
julho. Além de o calendário ser
mais favorável, é um período, diz
ele, em que "o clima em São Paulo
é mais agradável, com menos calor, menos chuvas".
Mas o tempo urge. A reunião do
comitê gestor é a data limite para
resolver pendências básicas, entre
elas uma certa "crise de identidade" que ainda mantém o próprio
nome do evento indefinido.
O nome
A empresa de consultoria internacional contratada para a formatação prévia do evento trabalha
com o nome World Culture Forum. A tradução ainda é tema de
debates. "Há nuances de significados", diz Cezar Silva. "Estamos
entre Fórum da Cultura Mundial
e Fórum Cultural Mundial, mas
há, por exemplo, quem defenda
que seja Fórum das Culturas",
conta. Até o final do ano passado,
o evento era tratado como Fórum
Mundial de Cultura.
Da reunião em Brasília sairão,
além da data e do nome definitivos, os integrantes do comitê diretor do Fórum, responsáveis pela
montagem do quebra-cabeças da
programação e pela execução
operacional do evento.
A produção brasileira orbitará
em torno de escritórios centrais
em São Paulo, Rio de Janeiro e
Brasília, com possibilidade de
subsedes em outras regiões do
país. Cerca de 70 eventos entre
março e dezembro na América
Latina e Caribe acolherão seminários e encontros de promotores
culturais. O primeiro deles, no
Brasil, é o Festival de Teatro de
Curitiba, em março.
Haverá pelo menos seis fóruns
preparatórios brasileiros entre junho e julho, começando pelo Recife. As outras cidades já definidas
são Campo Grande, Mato Grosso
do Sul, Belém, Recife, Curitiba e
Belo Horizonte. São Paulo e Rio
de Janeiro também pleiteiam datas específicas.
São eventos preliminares ao
grande encontro programado para o segundo semestre, no Rio de
Janeiro. A data será definida após
o Carnaval, em reunião entre Cezar Silva e a secretária estadual de
Cultura carioca, Helena Severo.
A idéia é extrair de cada fórum
uma espécie de censo cultural da
região, com informações de produtores, artistas e infra-estrutura
disponível. Cada participante receberá uma chave de acesso ao
banco de dados.
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