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"O Olhar Distante" reúne estrangeiros em espaço nobre
especial para a Folha
Na Mostra do Redescobrimento, o módulo "O Olhar Distante"
-com 40 artistas estrangeiros
que retrataram o Brasil nos séculos 17, 19 e 20- ganhou o espaço
nobre do pavilhão Ciccillo Matarazzo: o quadrilátero climatizado
no 3º andar, que recebe as mostras históricas nas Bienais.
De fato, ar filtrado, temperatura
e umidade corretas são condições
mínimas para abrigar uma coleção de 260 obras de arte, cujo valor monetário atinge algo em torno de R$ 70 milhões (valor no
qual foi baseado o seguro).
Com escolha das obras por Pedro Corrêa do Lago, a seção conta
também com a assinatura de Jean
Galard, diretor do Museu do Louvre. A participação do francês parece limitar-se a texto de catálogo
do módulo, que explica o tal
"olhar distante". Ou seja, analisa-se de que maneira se saíram pintores e desenhistas estrangeiros
com boa formação acadêmica
obrigados a interpretar formas,
luzes e temas completamente diversos de sua experiência.
"O Olhar Distante" está estruturado em sete núcleos internos,
compostos de "artistas-sóis" e
seus "planetas", na concepção da
curadoria. O primeiro passo é
uma das maiores coleções do holandês Frans Post (1612-1680) já
reunidas no país, com 30 obras.
"O diferencial é a qualidade de todos os trabalhos", afirma Corrêa
do Lago, que prepara o "catalogue
raisonné" do artista para o ano
que vem. Foram conseguidas, por
exemplo, quatro das sete paisagens brasileiras remanescentes do
pintor-viajante.
O segundo "sol" da seleção de
estrangeiros do século 19 é o francês Nicolas Antoine Taunay
(1755-1830), com a reunião recorde de 15 telas "brasileiras" desse
pintor, considerado o mais requintado de quantos acadêmicos
europeus exercitaram seus pincéis nas Américas. Em torno dele,
poderão ser vistas obras de oito
artistas, do afamado Rugendas ao
excelente retratista Aimé-Adrien
Taunay.
Seguem-se núcleos estruturados em torno do alemão Eduard
Hildebrandt (1818-1868), com 18
obras, 14 delas trazidas de Berlim;
e do ítalo-francês Joseph Leon Righini (cerca de 1820-1884), com
paisagens amazônicas. Dois núcleos de fotografia com tiragens
de alta qualidade abrangem o período 1840-1885 e o século 20.
Desse último, constam nomes
mais familiares ao público, como
os dos franceses Claude Lévi-Strauss e Pierre Verger. Encerra o
percurso a série de oito telas sobre
a infernal São Paulo contemporânea, pelo pincel do alemão Anselm Kiefer, um dos maiores pintores vivos.
(AM)
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