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Filme foca teatralidade do poeta Waly Salomão
Caetano Veloso e Antonio Cicero estão no longa
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
O poeta, letrista e produtor
cultural Waly Salomão (1943-2003) era um constante personagem de si mesmo. Em "Pan-cinema Permanente", que o
festival É Tudo Verdade exibe
hoje, o diretor Carlos Nader
("Noites do Norte - Ao Vivo")
revela que, por trás da aparente
autenticidade exacerbada de
Salomão, havia um teatro escrito, dirigido e interpretado por
ele próprio. Um palco itinerante em que até mesmo seus interlocutores -fossem amigos
ou pessoas que ele havia acabado de conhecer- não escapavam do jogo cênico.
Nader parte da premissa de
que tal jogo era um reflexo de
como Salomão encarava a vida:
tudo era teatro. Ou cinema. Como insinua o poema que dá nome ao documentário, em que o
Salomão revela seu desejo de
imprimir sua pegada na vida,
como num filme: "...Quando a
sola se torna uma tela/ Onde se
exibe e se cola/ A vida do asfalto
embaixo/ e em volta".
No documentário, amigos do
poeta, como Caetano Veloso e
Antonio Cicero, ajudam a destrinchar sua teatralidade, recorrendo a lembranças ou trechos de seus poemas. Nader,
por sua vez, tenta capturar alguma imagem em que Salomão
esteja despido do personagem.
Em vão, como o próprio diretor
reconhece no filme, pois o poeta, diante de uma câmera, atuava "até mesmo de costas".
O filme também se propõe a
revelar quem era Salomão além
do tipo histriônico. Recorda-se
o primeiro poema, escrito numa cela do Carandiru, onde,
nos anos 70, Salomão estivera
preso por porte de maconha;
sua ligação com os tropicalistas, entre eles o artista plástico
Hélio Oiticica; e o letrista, autor
de canções como "Vapor Barato", gravada por Gal Costa, ou
"Mel", por Maria Bethânia.
Nader apresenta um mosaico
de imagens captadas por ele ao
longo de décadas, pelo próprio
Salomão, e até de uma entrevista para lá de teatral, concedida
pelo poeta à televisão síria,
quando o baiano de origem síria viajou ao país para conhecer
a ilha onde seu pai nasceu.
PAN-CINEMA PERMANENTE
Diretor: Carlos Nader
Onde: Cinesesc (r. Augusta, 2075, tel.
0/xx/11/3087-0500)
Quando: hoje, às 21h, e amanhã, 13h
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