São Paulo, quarta-feira, 01 de abril de 2009

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MÚSICA

Crítica/"O Canto da Cigarra nos Anos 70"

Caixa reúne fase de maior prestígio artístico de Simone

Entre os 11 CDs estão "Cigarra" e "Pedaços", que marcam apogeu da cantora

MARCUS PRETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Simone, 59, já foi a maior vendedora de discos do Brasil. Alcançou esse título em meados dos anos 80, quando incorporou a mulher sensual, que aparecia seminua nas capas dos discos, coberta por lençóis ou roupões.
Seus LPs não saíam da fábrica com menos de 400 mil unidades encomendadas, chegando várias vezes à marca de um milhão. Só perdia para Roberto Carlos. Mas, na mesma medida em que gozava seu apogeu popular, deixava desmoronar o prestígio artístico conquistado.
Organizada pelo pesquisador Rodrigo Faour, a caixa "O Canto da Cigarra nos Anos 70" recupera o capítulo anterior dessa história, empacotando os discos da primeira fase da cantora. São oito álbuns de carreira e três em que ela divide espaço com outros intérpretes, como Roberto Ribeiro, Marcia e Leny Andrade. Exceto "Festa Brasil" (1974), todos os títulos já haviam sido reeditados em CD, mas a maior parte deles estava fora de catálogo.
Os 11 álbuns foram gravados entre 1973 e 1980 na Odeon, onde a então estudante de educação física foi fazer um teste por insistência de sua professora de violão. Passou. Estreou com "Simone" (1973) e, em poucos meses, já se apresentava nos palcos de Paris e NY.
O prestígio aumentou consideravelmente quando o letrista e produtor musical Hermínio Bello de Carvalho passou a guiar sua vida artística. Ele trouxe para seus discos o que havia de melhor na MPB. "Gotas d'Água" (1975) chegou ao luxo de ter Milton Nascimento como produtor.
Mas o apogeu artístico de Simone aconteceria entre 1978 e 1979, graças aos sensacionais "Cigarra" e "Pedaços". Esse último se tornou sua obra-prima. Conseguia reunir uma cantora em sua melhor forma vocal, os excelentes arranjos de Gilson Peranzzetta e Nelson Ayres e um time de compositores que somava Milton, Chico Buarque, Ivan Lins (autor de "Começar de Novo", um dos maiores sucessos daquele ano), Sueli Costa e Fátima Guedes.
Ali, Simone chegava ao nível artístico dos álbuns que Elis, Gal, Bethânia e Nana Caymmi lançavam. E ainda podia se gabar de ter sido a primeira intérprete de canções de Chico ("Sob Medida"), Milton ("Cigarra"), João Bosco ("De Frente pro Crime", "O Ronco da Cuíca") e Gilberto Gil ("Então Vale a Pena"). Não era pouco.
Pela Odeon, gravaria ainda mais dois álbuns. Em 1981, assinou com a CBS (atual Sony) pelo dobro do cachê. O dinheiro mudaria o rumo das coisas.


O CANTO DA CIGARRA NOS ANOS 70

Artista: Simone
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 180, em média (11 CDs)
Avaliação: bom



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