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MÚSICA
Crítica/"O Canto da Cigarra nos Anos 70"
Caixa reúne fase de maior prestígio artístico de Simone
Entre os 11 CDs estão "Cigarra" e "Pedaços", que marcam apogeu da cantora
MARCUS PRETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Simone, 59, já foi a maior
vendedora de discos do
Brasil. Alcançou esse título em meados dos anos 80,
quando incorporou a mulher
sensual, que aparecia seminua
nas capas dos discos, coberta
por lençóis ou roupões.
Seus LPs não saíam da fábrica com menos de 400 mil unidades encomendadas, chegando várias vezes à marca de um
milhão. Só perdia para Roberto
Carlos. Mas, na mesma medida
em que gozava seu apogeu popular, deixava desmoronar o
prestígio artístico conquistado.
Organizada pelo pesquisador
Rodrigo Faour, a caixa "O Canto da Cigarra nos Anos 70" recupera o capítulo anterior dessa história, empacotando os
discos da primeira fase da cantora. São oito álbuns de carreira
e três em que ela divide espaço
com outros intérpretes, como
Roberto Ribeiro, Marcia e Leny
Andrade. Exceto "Festa Brasil"
(1974), todos os títulos já haviam sido reeditados em CD,
mas a maior parte deles estava
fora de catálogo.
Os 11 álbuns foram gravados
entre 1973 e 1980 na Odeon,
onde a então estudante de educação física foi fazer um teste
por insistência de sua professora de violão. Passou. Estreou
com "Simone" (1973) e, em
poucos meses, já se apresentava nos palcos de Paris e NY.
O prestígio aumentou consideravelmente quando o letrista
e produtor musical Hermínio
Bello de Carvalho passou a
guiar sua vida artística. Ele
trouxe para seus discos o que
havia de melhor na MPB. "Gotas d'Água" (1975) chegou ao
luxo de ter Milton Nascimento
como produtor.
Mas o apogeu artístico de Simone aconteceria entre 1978 e
1979, graças aos sensacionais
"Cigarra" e "Pedaços". Esse último se tornou sua obra-prima.
Conseguia reunir uma cantora
em sua melhor forma vocal, os
excelentes arranjos de Gilson
Peranzzetta e Nelson Ayres e
um time de compositores que
somava Milton, Chico Buarque,
Ivan Lins (autor de "Começar
de Novo", um dos maiores sucessos daquele ano), Sueli Costa e Fátima Guedes.
Ali, Simone chegava ao nível
artístico dos álbuns que Elis,
Gal, Bethânia e Nana Caymmi
lançavam. E ainda podia se gabar de ter sido a primeira intérprete de canções de Chico
("Sob Medida"), Milton ("Cigarra"), João Bosco ("De Frente pro Crime", "O Ronco da
Cuíca") e Gilberto Gil ("Então
Vale a Pena"). Não era pouco.
Pela Odeon, gravaria ainda
mais dois álbuns. Em 1981, assinou com a CBS (atual Sony) pelo dobro do cachê. O dinheiro
mudaria o rumo das coisas.
O CANTO DA CIGARRA
NOS ANOS 70
Artista: Simone
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 180, em média (11 CDs)
Avaliação: bom
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