|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Rapper norte-americano, autor do hit ``Gangsta's Paradise'' exibe-se no Rio e em São Paulo a partir do dia 6
`Rap não faz o mundo ruim', diz Coolio
CAMILO ROCHA
especial para a Folha
O rapper Coolio chega na semana que vem para três shows em São
Paulo e um no Rio. Eles serão abertos pela banda carioca O Rappa.
Originário de Los Angeles, ele é
um dos rappers mais bem-sucedidos dos últimos tempos.
A música "Gangsta's Paradise"
foi um dos maiores hits de rap dos
últimos anos, época em que o gênero vem se tornando mais conhecido pelas mortes violentas de seus
artistas. Embora tenha um passado criminoso, Coolio garante que
abandonou o "caminho errado".
Coolio falou à Folha pelo telefone de Nova York sobre sua nova
abordagem, gangstas e o que espera de seus shows no Brasil.
Folha - Qual é a idéia que você
faz do Brasil?
Coolio - Ouvi dizer que é bonito, quente. E que há muitas mulheres bonitas. Também ouvi dizer
que tem uma das maiores taxas de
Aids do mundo e que é um lugar
onde muita gente faz operações de
mudança de sexo. Estava vendo na
CNN que a polícia aí tem abusado
de seus poderes.
Folha - Há uma fortíssima cena
de hip hop brasileira. Há planos de
fazer algo com rappers locais?
Coolio - Não há nada em vista,
mas estou aberto a contatos. No
meu show, convido pessoas para
subirem ao palco e improvisar um
rap. Quem quiser pode subir.
Folha - O que se esperar do
show?
Coolio - Vou tocar minhas músicas inteiras, nada dos medleys
que costumam rolar na maioria
dos shows de rap. Vai ter muita
coisa acontecendo no palco, efeitos sonoros, DJ ao vivo.
Folha - Como você começou na
música? Foi um daqueles casos
clássicos no rap de vida bandida
transformada pela música?
Coolio - Exatamente (risos). Eu
sou tradicional. Minha mãe me
criou muito bem. Mas você cresce
no gueto, e pode acreditar que tudo que você já ouviu falar sobre lá é
verdade. Então quando estava no
colegial, caí no caminho errado.
Drogas, roubo, briga. Eu assaltava
casas. As coisas que eu vi e fiz, era
para estar até hoje na cadeia ou
morto. Mas acordei para o caminho certo, pela música.
Folha - Como foi isso?
Coolio - Conheci algumas pessoas que faziam rap e resolvi tentar
por mim mesmo. Mas antes eu já
tocava como DJ em festas.
Folha - Isso levou você a fazer
questão de passar uma mensagem
mais otimista, mais consciente?
Coolio - Qualquer um pode ser
médico, advogado, rapper -é
preciso passar a mensagem positiva. Mas também não adianta eu dizer que o crime não compensa. Diga isso aos cartéis colombianos, à
Máfia. A realidade é que a TV fica
bombardeando para a molecada
imagens de carros legais, casas
maravilhosas, mulheres lindas, sexo. Coisas que eles só vão ter com
dinheiro.
Folha - Como viu as mortes de
Tupac Shakur e Notorious BIG?
Coolio - Foi o que falei sobre não
fazer a coisa certa. Não é a fama
nem o dinheiro que vão fazer você
deixar de ser o que é. Quando você
tiver que morrer, vai morrer.
Folha - Qual a sua opinião da rivalidade de rappers da Costa Leste
com a Costa Oeste?
Coolio - Isso é baboseira inventada pela mídia. Ocorrem problemas pessoais, e aí dizem que é alguma movimentação nacional. Eu
não tenho treta com ninguém.
Folha - O que acha das acusações
de incentivo a violência que fazem
ao gangsta rap?
Coolio - Este país foi colonizado por criminosos, assassinos e ladrões. O que você acha que podia
ser um país assim? Não é o rap que
faz o mundo ser ruim, é o mundo
que faz o mundo ser ruim.
Show: Coolio
Quando: terça (6), 21h30
Onde: Metropolitan (Av. Ayrton Senna,
3.000, Barra da Tijuca, Rio, tel.
021/283-3773) Quanto: de R$ 20 a 60
Quando: quarta (7) e quinta (8), 21h30
Onde: Olympia (r. Clélia, 1517, Lapa, São
Paulo, tel. 011/252-6255)
Quanto: de R$ 30 a R$ 50
Quando: sábado (10)
Onde: Projeto Radial (R. Tuiuti, 1.547,
Tatuapé, São Paulo, tel. 011/296-3710), 2h
Quanto: R$ 12
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|