São Paulo, sexta, 1 de maio de 1998

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Bienal do Livro abre hoje para o público

Jorge Araújo/Folha Imagem
Estande da editora Saraiva, na 15ª Bienal do Livro; o faturamento previsto para a feira é de R$ 75 milhões



Editores criticam preços dos estandes e o evento anual que acontece em São Paulo a partir de 99


BRUNO GARCEZ
free-lance para a Folha

Abre hoje para o público aquela que promete ser a última e mais controversa Bienal Internacional do Livro de São Paulo. A partir de 1999, o evento será substituído por uma feira anual - o Salão Internacional do Livro.
Em sua 15ª edição, a Bienal causou polêmica desde o momento da venda de espaço para a montagem dos estandes de livros.
Segundo Fernando Gasparian, editor da Paz e Terra, o preço do metro quadrado dos estandes sofreu um aumento abusivo.
Na Bienal de 96, o preço do metro quadrado à vista era de US$ 120,08. Na Bienal de 98, os preços subiram para US$ 205, para os que se inscreveram apenas para a Bienal, e US$ 350, para quem pagasse à vista pelo pacote que incluía também o Salão do Livro.
Segundo Raul Wassermann, 2º vice-presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro), organizadora do evento, existem vários motivos para o aumento.
"A área de estandes da Bienal cresceu em 5.000 metros quadrados. Pagamos as passagens de professores que participaram dos seminários do evento e, além disso, nesta edição não contamos com muitos dos patrocinadores que tínhamos em 96", afirma.
Outra polêmica diz respeito à realização do Salão do Livro. Para muitos editores, um evento anual é excessivamente dispendioso e prejudica a Bienal carioca.
"Sai muito caro participar de duas feiras em um só ano. A mídia que a Bienal do Rio atrai fica diluída. Os custos dobram, mas o nosso retorno institucional não", diz Paulo Rocco, da editora Rocco.
Breno Lerner, diretor-geral da Melhoramentos, se diz favorável à feira anual de São Paulo, mas lamenta a coincidência de datas. O evento carioca acontece entre 20 de abril e 2 de maio do ano que vem, e a feira de São Paulo, de 29 de abril a 10 de maio.
Inicialmente, a Bienal do Rio aconteceria em agosto. Com a decisão da CBL de promover um evento anual em abril, antecipou-se a data. "Não fazia sentido ter dois eventos internacionais acontecendo no mesmo ano em meses diferentes", diz Sérgio Machado, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros.
A polêmica não deve, no entanto, prejudicar a Bienal de 98. Segundo os organizadores do evento, cerca de 1,2 milhão de pessoas devem visitar a feira. Serão lançados mais de 2.000 títulos. Haverá, ao todo, 815 expositores. O faturamento total do evento está previsto em R$ 75 milhões.
Um dos destaques da Bienal deverá ser a videoconferência com o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 97, o dramaturgo italiano Dario Fo, que acontece no dia 6 de maio. Os interlocutores de Dario Fo serão o escritor Márcio Souza, o ator Sérgio Brito e o diretor Antônio Abujamra.
As atrações do evento são diversificadas. Quem se interessa por esoterismo pode, no estande da editora Universalista, fazer um "diagnóstico bioenergético por meio de clarividência".
Muitos títulos ligados ao misticismo estarão à venda na Bienal. De acordo com o presidente da CBL, Altair Brasil, os livros religiosos serão "vedetes da Bienal". Segundo pesquisa feita pela câmara, a produção de livros religiosos cresceu mais de 50% entre 96 e 97. "São títulos que têm boa procura porque podem ser vendidos tanto em templos quanto em livrarias", diz Raul Wassermann.


O quê: 15ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo Onde: Expo Center Norte (r. José Bernardo Pinto, 333, Vila Guilherme) Quando: de hoje ao dia 10 de maio Quanto: R$ 5 (adultos) e R$ 2,50 (estudantes)


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