São Paulo, quarta-feira, 01 de junho de 2005

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MÚSICA

Entre homenagens ao violonista, prêmio reúne convidados como Zeca Pagodinho e Marcelo D2 para cantar suas canções

Cinco anos da morte de Powell rendem poucos tributos

RONALDO EVANGELISTA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

No próximo dia 26 de setembro, serão cinco anos da morte de Baden Powell, violonista maior da música brasileira. Também compositor, ele tem carreira e história que atravessam eras e gêneros -participou e deixou sua marca em estilos como bossa nova, jazz, samba-jazz, choro, erudito.
Para lembrar a data, Powell será homenageada no terceiro Prêmio TIM de Música, evento que acontece hoje no Rio e que será exibido pela Rede Globo, em versão compacta, no próximo domingo, dia 5 de junho, às 23h40. O músico será tema central da festa, inspirando cenografia, textos, homenagens e interpretações inéditas de músicas suas. Zeca Pagodinho (cantando "Formosa"), Ney Matogrosso e Pedro Luis e a Parede ("Canto de Ossanha") e Marcelo D2 e Zélia Duncan ("Samba da Bênção") são alguns dos convidados. Os filhos de Powell, Philippe e Marcel, respectivamente pianista e violonista, também vão participar tocando músicas do pai.
"Todo mundo que toca violão no Brasil tem que ter ouvido o Baden", comenta Marcel. "Cada um em sua área, mas todos com influência dele. E, ao mesmo tempo, ele fazia música pro povo cantar. Composição tem que ter esse poder de ficar, alguém tem que gravar e o povo sair cantando -e as músicas dele eram assim."
Em parceria principalmente com Vinicius de Moraes ou Paulo César Pinheiro, criou dezenas de canções de sucesso, gravadas por grandes nomes da MPB. Além da carreira que desenvolveu no Brasil, Powell realizou inúmeras gravações na Europa, em países como França e Alemanha, onde fez sucesso entre os anos 60 e 70.
Pelo tamanho e importância de sua obra, e do que ainda é inédito no Brasil, chega a ser espantosa a pouca quantidade de homenagens planejadas para este ano. Além do Prêmio TIM, Powell ganhou minúscula exposição na carioca Sala Baden Powell e ouvem-se notícias de especiais em canais de TV na Europa. Quase nada.
Um bom lançamento indireto de Powell está planejado para o fim de junho, pela gravadora Biscoito Fino: ela planeja lançar no Brasil o DVD do documentário "Saravah", realizado em 1969 pelo francês Pierre Barouh no Rio. Barouh gravou, em 1966, versão em francês de "Samba da Benção" para o filme "Um Homem e uma Mulher". Três anos depois, veio ao Brasil e filmou conversas, aulas, ensaios e apresentações de músicos como Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Pixinguinha e, principalmente, Baden Powell.
À parte o DVD, gravadora nenhuma no Brasil parece ter planos para nosso mais importante violonista. "Em 50 anos de carreira, Baden lançou 84 discos. Destes, apenas 14 saíram no Brasil. Os outros 70, você só encontra importados da Europa", conta, com certa tristeza, Silvia, viúva de Powell. "O pior é que, se tivesse que sair aqui, já teria saído. As gravadoras brasileiras não estão interessadas, música instrumental vende pouco. Se alguém no Brasil quiser ouvir toda a carreira de Baden, simplesmente não pode. Mas, apesar desse descaso todo, não dá pra dizer que Baden não tem reconhecimento no Brasil. Todo mundo sabe que o violão brasileiro se divide em antes e depois dele."


O jornalista Ronaldo Evangelista viajou a convite da organização do Prêmio TIM

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