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CRÍTICA ROCK
Em SP, Aerosmith mostra que superou os conflitos
Banda americana pouco lembrou aquela que quis expulsar Steven Tyler
CAROL NOGUEIRA
DE SÃO PAULO
A grande bandeira negra
que cobria o palco montado
para o Aerosmith no estádio
Palestra Itália no sábado trazia com ela incertezas e uma
boa dose de apreensão.
"Vocês estão prontos?",
perguntou o vocalista Steven
Tyler. E não, não estávamos.
O que veio em seguida foi
uma sequência de boas surpresas e quase nenhuma decepção para quem acompanhou as dificuldades vividas
pela banda no último ano.
Após a queda do vocalista
durante um show nos Estados Unidos, era difícil prever
como seria o final da turnê
"Cocked, Locked, Ready to
Rock!" no Brasil.
Tyler levou 20 pontos na
cabeça. Mas foi sua volta às
drogas que quase resultou
em expulsão. Em novembro,
o guitarrista e parceiro de
composições há 40 anos, Joe
Perry, anunciou que a banda
buscava um novo vocalista.
Mas a dupla, que tem uma
relação musical tão estreita
que pode ser comparada com
a de Mick Jagger e Keith Richards, dos Rolling Stones,
não chegou ao fim.
Alguns minutos antes de a
tal bandeira negra cair do
palco, ecoava no estádio a
voz rouca de Bob Dylan em
"Rainy Day Woman #12 &
35", dizendo que "todos têm
que ficar chapados".
Pura ironia com o histórico
de drogas da dupla, que levou o apelido "Gêmeos Tóxicos" nos anos 1970.
A próxima surpresa foi o
repertório, que teve as setentistas "Back in the Saddle",
"Kings and Queens" e "Toys
In the Attic", um deleite para
fãs mais velhos.
Os hits recentes da banda,
como "Falling in Love",
"Pink" e "Jaded", foram executados na sequência.
O show teve dois momentos inusitados. Em um deles,
Tyler ganhou a calcinha de
uma fã. Em outro, Perry duelou contra seu personagem
no jogo "Guitar Hero".
O tempo fez bem ao Aerosmith. Tyler, 62, ainda impressiona por conseguir manter a
energia e a voz durante todo
o show. Perry, 59, ainda faz
solos virtuosos na guitarra.
E tudo isso sem virar "tiozinhos" do rock. Ambos subiram ao palco com sua habitual elegância e executaram
as músicas com precisão,
sem queimar hits.
Eles têm o "melhor vocalista do mundo", nas palavras de Joe Perry, e um dos
melhores guitarristas de todos os tempos. Passaram por
uma das maiores crises da
carreira e ressurgiram brincando com a própria história.
AEROSMITH
AVALIAÇÃO bom
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