São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÍTICA ROCK

Em SP, Aerosmith mostra que superou os conflitos

Banda americana pouco lembrou aquela que quis expulsar Steven Tyler

CAROL NOGUEIRA
DE SÃO PAULO

A grande bandeira negra que cobria o palco montado para o Aerosmith no estádio Palestra Itália no sábado trazia com ela incertezas e uma boa dose de apreensão.
"Vocês estão prontos?", perguntou o vocalista Steven Tyler. E não, não estávamos. O que veio em seguida foi uma sequência de boas surpresas e quase nenhuma decepção para quem acompanhou as dificuldades vividas pela banda no último ano.
Após a queda do vocalista durante um show nos Estados Unidos, era difícil prever como seria o final da turnê "Cocked, Locked, Ready to Rock!" no Brasil.
Tyler levou 20 pontos na cabeça. Mas foi sua volta às drogas que quase resultou em expulsão. Em novembro, o guitarrista e parceiro de composições há 40 anos, Joe Perry, anunciou que a banda buscava um novo vocalista.
Mas a dupla, que tem uma relação musical tão estreita que pode ser comparada com a de Mick Jagger e Keith Richards, dos Rolling Stones, não chegou ao fim. Alguns minutos antes de a tal bandeira negra cair do palco, ecoava no estádio a voz rouca de Bob Dylan em "Rainy Day Woman #12 & 35", dizendo que "todos têm que ficar chapados".
Pura ironia com o histórico de drogas da dupla, que levou o apelido "Gêmeos Tóxicos" nos anos 1970. A próxima surpresa foi o repertório, que teve as setentistas "Back in the Saddle", "Kings and Queens" e "Toys In the Attic", um deleite para fãs mais velhos.
Os hits recentes da banda, como "Falling in Love", "Pink" e "Jaded", foram executados na sequência. O show teve dois momentos inusitados. Em um deles, Tyler ganhou a calcinha de uma fã. Em outro, Perry duelou contra seu personagem no jogo "Guitar Hero".
O tempo fez bem ao Aerosmith. Tyler, 62, ainda impressiona por conseguir manter a energia e a voz durante todo o show. Perry, 59, ainda faz solos virtuosos na guitarra. E tudo isso sem virar "tiozinhos" do rock. Ambos subiram ao palco com sua habitual elegância e executaram as músicas com precisão, sem queimar hits.
Eles têm o "melhor vocalista do mundo", nas palavras de Joe Perry, e um dos melhores guitarristas de todos os tempos. Passaram por uma das maiores crises da carreira e ressurgiram brincando com a própria história.


AEROSMITH

AVALIAÇÃO bom




Texto Anterior: Crítica/Ensaio: Livro ensina a questionar e rejeitar arquétipos de objetos do cotidiano
Próximo Texto: Escritores viram astros na Mantiqueira
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.