São Paulo, quarta-feira, 01 de junho de 2011

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'Tivemos que rever nossas vidas'

Na segunda parte de entrevista à Folha, Marina Lima conta os motivos pelos quais Antonio Cicero, seu irmão e principal parceiro artístico, não contribuiu ao novo CD

DE SÃO PAULO

Foi a partir de um poema do irmão Antonio Cicero que Marina, aos 15 anos, se descobriu compositora. Fizeram "Canção da Alma Caiada".
Foi com nomes de canções que fez com ele que batizou seus principais álbuns -da estreia com "Simples como Fogo" (1979) ao estouro nacional com "Fullgás" (1984).
A partir de então, a dupla Marina & Cicero funcionou para o pop brasileiro mais ou menos como Tom & Vinicius para a bossa nova, Roberto & Erasmo para a jovem guarda, Lennon & McCartney para o rock. (MARCUS PRETO)

 


Folha - Por que não há letras de Cicero em "Clímax"?
Marina Lima
- Cicero e eu passamos por muitas fases. Somos irmãos de sangue por parte de pai e mãe. Somos parceiros desde que eu tinha 15 anos e ele, 25. Fizemos canções juntos morando na mesma casa, quando eu era adolescente. Depois, fomos parceiros morando em casas separadas. Cicero e eu perdemos o nosso pai. E, muito recentemente, perdemos nosso irmão do meio, que era, de alguma maneira, o fio terra dessa irmandade.

Fio terra? Como assim?
Era mais ligado a Cicero do que eu, e mais ligado a mim do que o Cicero. Ele não compunha, mas deu o nome do meu primeiro disco, "Simples como Fogo". Ele morreu há quatro anos. Há um ano, perdemos nossa mãe. Os dois irmãos perderam muita coisa. Quando você muda uma família, toda a estrutura desequilibra, os dois são obrigados a rever a própria vida.

A relação se desestabilizou?
Cada qual foi tentar se entender e ver o que ia sair dali, até artisticamente. Cada um foi viver sua perda -ou seu ganho, no sentido artístico. Quanto norte essas pessoas nos deram, quantas bússolas. O que é perder essas bússolas. Mas fomos viver isso separadamente. Ele continua no Rio. Eu vim para São Paulo. Olhando daqui, as coisas ficam mais claras para mim. Vejo que o reencontro é vital para mim. E inevitável.


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