São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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BARBARA GANCIA

Não se iluda com a lenda da bela e da fera

Você sabe o que é um "xuctóide"? Não? Bem, você já deve ter ouvido falar em factóide, neologismo criado pelo escritor Norman Mailer e traduzido para o português pelo prefeito Cesar Maia, que se vale do recurso para chamar a atenção quando não tem nada a dizer.
Pois o xuctóide é uma variante do factóide e funciona assim: toda vez que a Xuxa passa algum tempo sem ter uma foto sua estampada nas páginas das revistas de mexericos, ela lança um xuctóide.
Repare. Basta a Xuxa andar meio sumida para que surja uma manchete dizendo que ela acredita piamente em duendes ou que chorou de medo de ser esmagada pela multidão em alguma passeata pela paz, como se não soubesse que sua presença em um evento público pode causar tumulto.
Recentemente, Xuxa emitiu mais um xuctóide clássico. Sem que ninguém perguntasse ou tivesse interesse em saber, ela revelou ter um novo amor, "lindo, rico e famoso". Como em outras ocasiões, ela fingiu que estava sendo supersincera, e a gente fingiu que acreditou. Até aí, nada de novo.
O que surpreendeu desta vez foi a operação ter sido deflagrada poucos dias antes do anúncio-bomba do rompimento da parceria entre Xuxa e Marlene Mattos, que já durava 18 anos.
Será que Xuxa estava tentando desviar o foco? Ou terá sido um desperdício de xuctóide? Os detalhes já não fazem diferença. São tantos anos ouvindo falar que a Xuxa isso e a Xuxa aquilo que já estamos todos vacinados contra seu arsenal de xuctóides.
Mas, se está pensando algo na linha "Ufa, agora a loirinha está livre da fera!", você está redondamente enganado. Anos atrás, convivi, por um curto período, com Xuxa e Marlene. Passei uma semana grudada na apresentadora, fazendo um número especial para a revista "Vogue". Em seguida, ela me convidou para acompanhá-la ao Festival de Viña del Mar, no Chile. Estive com as duas por tempo suficiente para saber que é justamente o contrário. Marlene corria curto, e era a Xuxa quem fazia o papel de sargento Tainha. Por trás da carranca da Marlene existe uma mulher suave e até engraçada. Mas Xuxa sempre a colocou para fazer o "investigador mau", enquanto ela fazia o "bonzinho".
Lembro das mil vezes em que Marlene e eu fomos fumar escondidas na casa da Xuxa. Ela tremia de medo de ser pega. Lembro também, em plena madrugada, da empresária fechando os olhos de sono e tomando bronca da Xuxa, que queria decidir a capa do novo CD em espanhol. Não se engane. A tirana da dupla era a de chiquinhas douradas.

E-mail: barbara@uol.com.br
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