São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2011

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Diretora testa limite entre vida real e ficção

Christiane Jatahy estreia no cinema com "A Falta que nos Move", filme criado a partir de experiências no teatro

Produção, dirigida pelo celular, propõe jogo em que os atores são chamados pelo nome e reagem a surpresas

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

"Um brinde para as mentiras bem contadas", dizem os atores em "A Falta que nos Move", filme que entra em circuito hoje e marca a estreia da diretora de teatro Christiane Jatahy no cinema.
Desde 1994, a encenadora testa nos palcos os limites entre realidade e ficção.
Em 2007, quando rodou o filme, já havia dedicado duas peças à pesquisa, "Conjugado" e "A Falta que nos Move ou Todas as Histórias São Ficção" (ambas de 2005).
Christiane expande sua investigação no cinema. O filme é um desdobramento da peça de mesmo nome.
"Não queria filmar o espetáculo ou fazer uma adaptação, mas transpor a pesquisa de linguagem do teatro para o cinema", diz ela. A diretora gravou a obra no ano em que foi lançado "Jogo de Cena", de Eduardo Coutinho, e se surpreendeu com o diálogo que os filmes estabelecem.
"A Falta que nos Move" flerta com o documentário ao explicitar suas regras e propor um jogo aberto com os atores. Foi rodado em 12 horas de filmagem ininterrupta.
É impossível distinguir ficção de realidade. Dirigidos via mensagem de celular por Jatahy, os atores são chamados pelos nomes. Seguem roteiros que em parte se diferenciam e, portanto, geram surpresas "verdadeiras".
A trama é basicamente a mesma da peça. Um grupo de amigos prepara um jantar.
Enquanto aguardam um convidado que não sabem se irá de fato aparecer, eles bebem, cozinham e discutem regras -as mesmas que formam a sociedade.
O conflito nasce das visões opostas que os atores têm de como essas imposições externas devem ser cumpridas.
"A Falta que nos Move" é constituído por diversas camadas de realidade e ficção. A última delas é a verdade da própria filmagem.
"O filme possibilitou que os atores radicalizassem uma atuação que está sempre no fio da navalha entre o real e o ficcional, construindo situações profundamente humanas e vivas", diz a diretora.
"A Falta que nos Move" se alimenta da vivência teatral de Jatahy. A diretora já usou a experiência para nutrir seu teatro, fazendo edição em cena em seu penúltimo espetáculo, "Corte Seco" (2010).
Em "O Livro" (2010), solo de Newton Moreno com Du Moscovis que reestreia no Rio, segue em frente com suas pesquisas: "Vivo me questionando sobre a verdade absoluta das coisas".


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