ANA CÂNDIDA DE AVELAR
DA REDAÇÃO

Talvez seja difícil encontrar uma semelhança entre um fotógrafo e uma artista plástica devido aos diferentes meios usados ao exibir sua preocupação estética. No entanto, Antonio Saggese e Jac Leirner, que expõem a partir de hoje no Centro Universitário Maria Antonia, têm algo em comum.
Foi uma coincidência as mostras ocorrerem simultaneamente, mas a diferenciação do olhar do espectador, que ambos provocam, nada tem de fortuito.
Esse aspecto surge na obra de Saggese quando discute a fotografia à parte de seu referente. "A imagem da foto é o que seduz o espectador, assim, o conduzo a ver do meu modo."
O inédito "Meus Olhos" se constitui de slides, um pano com projeção e TVs. São reproduzidas imagens de olhos, seios e fotos de álbuns de família. "Os seios são repetidos tantas vezes que a imagem perde seu significado."
Jac Leirner mostra uma obra inédita no Brasil. "Hip-Hop" (1998) foi adquirida por uma fundação nova-iorquina; é referência a Piet Mondrian (1872-1944), fundador do neoplasticismo, e a seu quadro "Broadway Boogie-Woogie"(42/43). "Hip-Hop" surge da utilização de cores em 120 fitas adesivas justapostas que reproduzem um ritmo semelhante ao do sentido na obra do pintor.
"Usei a cor, que para mim não é apenas um elemento plástico, para reproduzir um ritmo." Leirner já expôs no Museu de Arte Moderna de Oxford, em 1991, e na Bienal de Veneza, Itália (1997).