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Crítica/"Artista..."
Fúria do rock do Macaco Bong desafia o ouvinte
JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Empurrar amplificador,
montar bateria, acertar
o som das bandas. Esse
é o trabalho dos diretores de
palco Bruno Kayapy e Ynaiã
Benthroldo em diversos festivais independentes do país.
Mas, sempre chega a hora em
que Kayapy assume a guitarra,
Ynaiã, a bateria, e Ney Hugo, o
baixo. Os trabalhadores viram
rockstars e enfrentam a audiência com um rock instrumental lascivo, que ora flerta
com o jazz, ora com o heavy
metal. Depois de três anos, o
trio de Cuiabá (MT) surge com
"Artista Igual Pedreiro", sua estréia oficial pela Trama Virtual
no mesmo esquema usado por
Tom Zé e CSS. O disco mostra a
fúria do Macaco Bong.
As dez faixas são longas e desafiam o ouvinte. A gema "Fuck
You Lady" caminha como um
hard rock à Van Halen até os
três minutos. O andamento
muda e Kayapy passa a dedilhar sua guitarra crua como se
fosse um Jeff Buckley. O que
soava bonito fica feio, quebrado, meio Mars Volta, quase pós-rock. Com sete minutos, a música é um monstro de riffs,
ameaçadora e tensa. Aos oito,
atinge seu ápice e... termina.
Sem avisar ou pedir licença.
O trio só não abdica totalmente das palavras porque ensaia um corinho de "iá-iás" em
"Vamodahmaisuma". Escolhida para encerrar o CD, deixa a
sensação de que a Macaco pode
ir bem mais longe. A mão direita de Kayapy evoca violeiros de
sua região e danças tradicionais
como siriri e cururu. Quando
isso estiver mais nítido no som
da banda, ela será a mais incrível do país. Por enquanto, fica
ali paquerando o pódio.
ARTISTA IGUAL PEDREIRO
Artista: Macaco Bong
Gravadora: Fora do Eixo/Monstro/
TramaVirtual
Quanto: R$ 20 (ou gratuitamente em
http://albumvirtual.trama.uol.com.br)
Avaliação: ótimo
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