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VÍDEO LANÇAMENTOS
'O Massacre de Rosewood' é bangue-bangue sobre racismo
JOSÉ GERALDO COUTO
especial para a Folha
"O Massacre de Rosewood", de
John Singleton (diretor de "Os
Donos da Rua"), é um melodrama
inspirado numa tragédia real: a
chacina da população negra da cidade de Rosewood, na Flórida, em
1923.
Rosewood, pelo menos na versão apresentada pelo filme, era
uma cidadezinha próspera e pacata habitada quase que exclusivamente por negros.
Havia uma tensão latente entre
os negros de Rosewood e os brancos racistas da cidade vizinha,
Summer.
O filme mostra o momento em
que a conjunção de dois fatos faz
essa tensão explodir. O primeiro
fato é a chegada à região de um negro misterioso e endinheirado,
chamado Mann (Ving Rhames)
-que depois saberemos ser um
veterano da Primeira Guerra.
O segundo fato é a denúncia, por
uma mulher branca, de que um
negro a atacou e espancou.
Como se fosse necessário alardear o partido a ser tomado numa
situação como essa, o filme mostra
claramente que a mulher foi espancada por um branco. (A pergunta é: se fosse um negro, estaria
desculpado o massacre?)
Daí para a frente, o filme se compraz em mostrar um crescendo de
crueldade e loucura: os brancos racistas se organizam em bandos,
enchem a cara de uísque e saem
para caçar e linchar negros.
Com a ajuda do único branco solidário da região, o dono de armazém John Wright (Jon Voight),
Mann -que no entretempo engatou um romance com uma garota
local- tenta salvar as mulheres e
crianças negras da sanha racista.
O ponto mais positivo do filme
-além do resgate de um fato importante e pouco conhecido- é
inverter um esquema usual do filme de ação. Não há um par de bandidos a perturbar a vida de uma
comunidade harmônica. Ao contrário: é a comunidade inteira (dos
brancos) que enlouqueceu e se
animalizou. O mal é a multidão.
À parte isso, entretanto, "O
Massacre de Rosewood" encampa
todos os clichês imagináveis: da
violência hiperbólica dos tiroteios
e explosões ao sentimentalismo
das histórias de amor, culminando
com a tradicional apoteose da família e da propriedade.
O intuito militante do filme é evidente. Cabe, entretanto, perguntar
se, ao lançar mão da mesma alternância de expectativa e catarse que
caracteriza o cinema mais convencional, "O Massacre de Rosewood" contribui para algum tipo
de reflexão sobre o racismo ou, ao
contrário, soterra o tema sob um
maniqueísmo vulgar.
Filme: O Massacre de Rosewood
Produção: EUA, 1997, 142 min.
Direção: John Singleton
Elenco: Ving Rhames, John Voight
Lançamento: Warner (tel. 011/820-6777)
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