JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

Quando uma pessoa resolve tardiamente (bem, nunca é tarde) adotar uma nova profissão, abraça a gastronomia, abre seu primeiro restaurante e ele é pequeno e só abre para o almoço e serve comida em bufê, bem, de nove entre dez casos, esse restaurante pode até ser simpático, mas é precário, uma casinha mal-ajambrada para a nova função, uma mesa feia no centro da sala com saladas e réchauds nem sempre dos mais atrativos... o começo sempre é duro. E, às vezes, duro para o dono do restaurante e também para o cliente.
Mas, de vez em quando, aparece uma exceção e recentemente deu as caras no Itaim com o nome Beth Cozinha de Estar. Um pequeno restaurante que funciona no padrão bufê-para-a-hora-do-almoço, mas que não tem a menor pinta de improvisação. Imaginado por Beth Branco, que aos 51 anos debuta na área, ele é fruto de uma paixão antiga que, há poucos anos, levou a proprietária a fazer um curso de gastronomia para lapidar a habilidade que exercia cozinhando em casa para os amigos. O pequeno ponto foi encontrado há seis meses e é tratado com esmero: comprido, tem mesas na entrada e nos fundos, todas banhadas por uma atmosfera aprazível, pontuada por uma pintura que toma toda uma parede. Dividindo os dois salões fica um balcão com os pratos e -tão importante quanto- a própria Beth, servindo um a um dos clientes (tratados como convivas).
De segunda a sábado, ela prepara um cardápio que muda diariamente, pratos que ficam expostos nos réchauds (com os inevitáveis inconvenientes, é verdade, mas colocados em pequenas quantidades e pajeados constantemente pela autora). Sua intenção é propor pratos de inspiração caseira tratados com sofisticação, utilizando técnicas e receitas francesas e italianas. Na verdade, é uma cozinha um ponto acima da tradição caseira -exceto das casas aquinhoadas com grandes cozinheiras. São entradas como folhado de cogumelos, "hommus" de beterraba, tabule de couve, quiches; pratos como papillote de peixe em cama de batatas e cenouras ao molho de agrião; filé de porco com molho de ameixa; polpettone recheado de queijo, amêndoas e uvas passas -itens que podem ser acompanhados por rolinho de acelga recheado com arroz aromatizado ou legumes na manteiga, por exemplo.
Cada dia tem um carro-chefe -hoje é o ossobuco com polenta; amanhã, há bacalhoada; sábado, tem feijoada completa. Há poucos vinhos, e aqueles oferecidos em taça podem estar abertos há dias, crime imperdoável embora tão comum. Melhor pedir meia-garrafa, que a casa tem disponível.

BETH COZINHA DE ESTAR
Cotação: $
Avaliação:  
Endereço: r. Pedroso Alvarenga, 1.061, Itaim Bibi, tel. 0/ xx/11/3073-0354
Funcionamento: seg. a sex., das 12h às 15h; sáb., das 12h30 às 16h30
Ambiente: pequeno e charmoso
Serviço: sendo em bufê, não há muito o que errar
Serviço de vinhos: poucos, poderiam ser mais bem conservados
Estacionamento com manobrista: R$ 8
Cartões: todos
Preços: bufê de seg. a sex., R$ 25; sáb., R$ 29; sobremesas, de R$ 5 a R$ 7