São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2006

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Eduardo Gudin mostra seu "jeito paulistano" de compor samba

Com parcerias de Nelson Cavaquinho e Paulinho da Viola, CD é lançado em SP

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Autor de choros, canções, valsas e planejando um disco para orquestra, Eduardo Gudin faz jus, em seu novo CD, à condição de maior compositor de sambas em atividade em São Paulo. E a opção desse artista de 55 anos está ligada a pessoas que nem tinham nascido quando ele começou a compor.
"Fazer um disco desse jeito, com sambas explícitos, tem a ver com a resposta dessas pessoas que foram procurar o que não se toca nas rádios como se fosse um direito delas. Hoje, sabem tudo de samba, estão promovendo uma virada, e eu não queria estar ausente desse processo", exalta Gudin.
Gravado pela Dabliú, "Um Jeito de Fazer Samba" será lançado com shows no Sesc Vila Mariana amanhã e domingo. Dos convidados do disco, participam dos shows Paulo César Pinheiro, Vânia Bastos, Adriana Moreira e Quinteto em Branco e Preto.

Referências
O título do CD, retirado da parceria de Gudin com J.C. Costa Netto, indica a maneira peculiar de compor do artista, que tateia na hora de defini-la. Percebe a "mistura de bossa nova com samba" e aceita a menção à palavra "lamento".
"Quando penso em lamento, penso no sentimento que há nas melodias com que eu lido. Vem de Cartola, Nelson Cavaquinho, Baden Powell. O samba é mais festivo hoje. Antes tinha um banzo mais acentuado. Sou desse tempo", delimita.
A trinca citada acima se torna um quinteto de referências quando o compositor cita Elton Medeiros e Paulinho da Viola. O primeiro é parceiro em "Mundo", que está no CD. Já o segundo fez a letra de "Sempre se Pode Sonhar" e gravou uma participação.
Uma jóia que Gudin tirou do baú é "Euforia", parceria dele com Nelson Cavaquinho e Roberto Riberti que foi feita em 1982 e permanecia inédita até hoje. "Nelson foi padrinho da minha filha, e fizemos esse samba quando ela nasceu. Ele morreu e eu fui guardando o samba, como se fosse uma relíquia. Mas agora perdi o pudor", conta Gudin.
Está perdendo o pudor de cantar também. Só agora diz estar gostando mais do resultado. Mas continua acompanhado do Notícias dum Brasil, conjunto vocal em constante transformação. Dele já saíram Mônica Salmaso, Renato Braz e Fabiana Cozza, e nele estão Ilana Volcov e Selma Boragian.
Além de sambas antigos como "E Lá se Vão Meus Anéis" (parceria com Paulo César Pinheiro) e "Armistício" (com Adoniran Barbosa), o show reúne novas como "Moto Perpétuo" (com Francis Hime) e "Praça 14 Bis", uma declaração de amor a São Paulo.

EDUARDO GUDIN E NOTÍCIAS
DUM BRASIL

Quando: sáb., às 21h; dom., às 18h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, 0/xx/11/5080-3000)
Quanto: de R$ 7,50 a R$ 20


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