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Eduardo Gudin mostra seu "jeito paulistano" de compor samba
Com parcerias de Nelson Cavaquinho e Paulinho da Viola, CD é lançado em SP
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Autor de choros, canções,
valsas e planejando um disco
para orquestra, Eduardo Gudin
faz jus, em seu novo CD, à condição de maior compositor de
sambas em atividade em São
Paulo. E a opção desse artista
de 55 anos está ligada a pessoas
que nem tinham nascido quando ele começou a compor.
"Fazer um disco desse jeito,
com sambas explícitos, tem a
ver com a resposta dessas pessoas que foram procurar o que
não se toca nas rádios como se
fosse um direito delas. Hoje, sabem tudo de samba, estão promovendo uma virada, e eu não
queria estar ausente desse processo", exalta Gudin.
Gravado pela Dabliú, "Um
Jeito de Fazer Samba" será lançado com shows no Sesc Vila
Mariana amanhã e domingo.
Dos convidados do disco, participam dos shows Paulo César
Pinheiro, Vânia Bastos, Adriana Moreira e Quinteto em
Branco e Preto.
Referências
O título do CD, retirado da
parceria de Gudin com J.C.
Costa Netto, indica a maneira
peculiar de compor do artista,
que tateia na hora de defini-la.
Percebe a "mistura de bossa
nova com samba" e aceita a
menção à palavra "lamento".
"Quando penso em lamento,
penso no sentimento que há
nas melodias com que eu lido.
Vem de Cartola, Nelson Cavaquinho, Baden Powell. O samba
é mais festivo hoje. Antes tinha
um banzo mais acentuado. Sou
desse tempo", delimita.
A trinca citada acima se torna
um quinteto de referências
quando o compositor cita Elton
Medeiros e Paulinho da Viola.
O primeiro é parceiro em
"Mundo", que está no CD. Já o
segundo fez a letra de "Sempre
se Pode Sonhar" e gravou uma
participação.
Uma jóia que Gudin tirou do
baú é "Euforia", parceria dele
com Nelson Cavaquinho e Roberto Riberti que foi feita em
1982 e permanecia inédita até
hoje. "Nelson foi padrinho da
minha filha, e fizemos esse
samba quando ela nasceu. Ele
morreu e eu fui guardando o
samba, como se fosse uma relíquia. Mas agora perdi o pudor",
conta Gudin.
Está perdendo o pudor de
cantar também. Só agora diz estar gostando mais do resultado.
Mas continua acompanhado do
Notícias dum Brasil, conjunto
vocal em constante transformação. Dele já saíram Mônica
Salmaso, Renato Braz e Fabiana Cozza, e nele estão Ilana
Volcov e Selma Boragian.
Além de sambas antigos como "E Lá se Vão Meus Anéis"
(parceria com Paulo César Pinheiro) e "Armistício" (com
Adoniran Barbosa), o show
reúne novas como "Moto Perpétuo" (com Francis Hime) e
"Praça 14 Bis", uma declaração
de amor a São Paulo.
EDUARDO GUDIN E NOTÍCIAS
DUM BRASIL
Quando: sáb., às 21h; dom., às 18h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, 0/xx/11/5080-3000)
Quanto: de R$ 7,50 a R$ 20
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