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Televisão
Novela das oito da Globo terá deputado honesto
Aguinaldo Silva, autor de "Duas Caras", se diz frustrado com política e violência
Trama, que estréia em outubro, critica escândalos de corrupção; Marcos Winter será político que "coloca ética acima de tudo"
MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A próxima novela das oito da
Globo, "Duas Caras", que estréia no dia 1º de outubro, terá
um político honesto. É a maneira que o dramaturgo Aguinaldo Silva, 63, encontrou para
criticar os sucessivos escândalos de corrupção que têm acontecido no país. "Ele coloca a ética e a moralidade acima de tudo, não é purista, demagogo
nem corrupto."
Em "Senhora do Destino"
(2004), sua última novela -que
teve a maior audiência da história-, um prefeito corrupto foi
apedrejado no final.
O político de "Duas Caras",
cuja trama também inclui golpes de um estelionatário que
faz cirurgias para mudar de fisionomia, será o deputado federal Narciso Telerman, vivido
por Marcos Winter.
O ator, que é engajado politicamente e tem uma ONG de direitos humanos, ainda não teve
muito contato com o personagem, mas diz ter esperanças na
vida real. "Ainda quero apertar
a mão de um grande presidente
do Brasil, se é que ele já nasceu", diz. "Achamos que o Lula
mexeria onde deveria, mas não
foi bem assim."
Winter acha difícil fazer
comparações entre realidade e
ficção, mas afirma que os honestos existem, embora muitos
entrem na política por ver a
possibilidade "crescer na vida e
se dar bem".
O autor diz estar frustrado
com a política e com a violência. Nos últimos anos, tem passado algumas temporadas em
Portugal, para onde pretende
se mudar e até mesmo escrever
uma novela.
Ele admite que pensou em
abandonar a carreira durante
uma crise pessoal e que, por
conta disso, trocou a narrativa
fantástica, vista em novelas como "Pedra sobre Pedra" (1992),
pelo realismo. Ex-repórter policial, Aguinaldo Silva guarda
jornais para escrever suas peças de ficção.
"Um político honesto é praticamente um peixe voador. Isso
é realismo fantástico", brinca.
"As pessoas podem dizer que
isso não existe, mas eu digo
que, se não existe, deveria."
Outros dois personagens não
mudarão de personalidade na
novela, além do político: um
pastor evangélico e uma mãe-de-santo. "No meio de todas as
perversões, o Aguinaldo pensa
em personagens que têm saída", comenta Wolf Maya, diretor-geral da produção.
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