São Paulo, quinta-feira, 01 de setembro de 2011

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CRÍTICA ROMANCE

Em "A Cabana", escritor cria ficção de autoajuda que desenha Deus acessível

FRANCESCA ANGIOLILLO
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA

Poucos terrenos poderiam ser mais férteis que o do sincretismo nacional para acolher a excêntrica Santíssima Trindade de William P. Young.
A saber: um Deus-pai que é uma mãe, negra e acolhedora; um Espírito Santo que é uma jardineira oriental; e um Jesus que é um jovem carpinteiro judeu, capaz de caminhar nas águas, mas que esparrama o jantar no chão.
A parte que introduz tragédia de Mack é bastante piegas, e Young resvala no excesso de adjetivos e de metáforas fáceis.
Ainda assim mostra que não é um inepto literário: ao adotar o discurso indireto livre, em vez da primeira pessoa, evita o risco maior do tom confessional.
Mesmo com as deficiências, mantém o suspense, segurando o leitor até seu interesse principal: a narração da experiência religiosa de Mack.
Daí, lança mão do diálogo (terá pensado em Platão?), que traduz, num discurso fácil e com humor, conceitos fundamentais do cristianismo, como o livre-arbítrio e o amor ao próximo.
William P. Young promove o encontro com o que há de divino no humano e vice-versa. Apresentar uma divindade acessível é certamente a chave do imenso sucesso de "A Cabana".

A CABANA
AUTOR William P. Young
EDITORA Sextante
TRADUÇÃO Alves Calado
QUANTO R$ 19,90 (240 págs.)
AVALIAÇÃO regular




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