São Paulo, terça, 1 de setembro de 1998

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MÚSICA
Banda americana, que virá ao Brasil em outubro, mescla jazz, rock e folk e vende 11 milhões de cópias nos EUA
Dave Matthews funde ritmos e fatura alto

Divulgação
Dave Matthews, líder da banda que leva seu nome, durante entrevista coletiva anteontem, em Raleigh (EUA)


PATRICIA DECIA
enviada especial a Raleigh (EUA)

Fazendo uma fusão de estilos como o rock, o folk e o jazz, a Dave Matthews Band já vendeu pelo menos 11 milhões de discos (somando-se os três álbuns por grandes gravadoras) nos EUA.
O mais recente deles, "Before These Crowded Streets" tirou a trilha sonora de "Titanic" do primeiro lugar da parada da Billboard e rendeu um videoclipe -"Don't Drink the Water"- de alta rotatividade na MTV.
Agora, a banda de Dave vai ao Brasil. Em outubro, toca na 13ª edição do Free Jazz, na mesma noite de Ben Harper, no Rio de Janeiro (dia 15), em São Paulo (dia 16) e em Curitiba (dia 18).
Nascido na África do Sul, Matthews (o líder, vocalista e compositor da banda) chegou aos Estados Unidos com dois anos. Após idas e vindas entre os dois países, acabou adotando a cidade de Charlottesville, na Virgínia, como casa. Lá, começou a trabalhar num bar de jazz, onde conheceu os músicos que formariam sua banda.
São eles: o baterista Carter Beauford, o baixista Stefan Lessard, o saxofonista LeRoi Moore e o violinista Boyd Tinsley.
Em entrevista coletiva antes do show em Raleigh, na Carolina do Norte, Matthews falou do sucesso nos EUA e disse estar ansioso para conhecer música brasileira. "Ouvi só uma coletânea de brasileiros feita pelo David Byrne", afirmou. A seguir, trechos da entrevista.

Pergunta - O que levou a banda ao número um da parada, apesar de não ser moda?
Matthews -
Acho que é a atitude em relação à música e o fato de tocarmos ao vivo sempre. Não ficamos preocupados em conseguir um contrato com gravadora, ou em aparecer na TV ou revistas. Tocar ao vivo e fazer shows extensos era tudo o que queríamos. Entramos no circuito das universidades e o público inicial cresceu, mesmo antes de termos um CD. Então, a despeito de qualquer previsão, a mídia teve que chegar a nós.
Pergunta - Como foram as participações especiais em "Before These Crowded Streets"? " como vocês as substituem ao vivo?
Matthews -
Nem pensamos nisso, fomos tocar. As participações ocupavam espaços que deixamos em branco, e continuamos deixando vazios no show, para ressaltar. As coisas aconteceram meio casualmente. Os únicos que realmente chamamos foram Bela Fleck (banjo) e o Kronos Quartet. Escrevi as letras todas em duas semanas. Não gosto de escrever enquanto estamos em turnê para não compor aquelas músicas horríveis sobre "estamos na estrada".
Pergunta - Alguns críticos dizem que a música de banda é um revival do fusion dos anos 70. O que você acha?
Matthews -
Não vejo assim. Talvez seja. Acho que temos mais uma fusão de personalidades. Quando tocamos juntos, não pensamos no que vai acontecer, a música nos une. Isso é muito novo para nós, e não acredito que outra banda o tenha. São idades e passados diferentes, somos nós.
Pergunta - Você não sente falta da guitarra elétrica?
Matthews -
As pessoas não usam muito violão aqui nos EUA, a não ser para música folk. E quando usam, não é como na África ou na América do Sul, com "groove". Há todo um espaço na música popular para o violão como um instrumento de percussão, de ritmo, tocado de maneira mais agressiva. E eu estou acostumado a isso. Sinto como se fosse quebrar a guitarra elétrica. As pessoas são mais sutis que eu tocando. Acho que sou um pouco básico demais.


A jornalista Patricia Decia viajou a convite do Free Jazz/Souza Cruz.



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