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"A BRUXA DE BLAIR" CRÍTICA
Cotação: zero abaixo de zero
ROGÉRIO SGANZERLA
especial para a Folha
Estupenda peripécia de distribuidor espertalhão e prova da ingenuidade do publico americano
com idade mental de 12 anos, não
deixa de ser um tremendo "fake"
e uma gozação sem graça, verdadeiro idiotismo sem pé, cabeça ou
qualquer membro interessante. E
não apresenta mistério algum. O
que poderia sair desse fútil bombardeamento? Ignora-se.
Com um falso-ego tão inchado
que fecha a alma, alguns adolescentes rechonchudos chegam e
pisam na remota floresta que não
leva a lugar nenhum, a não ser à
exaustão de qualquer espectador
que não seja obrigatoriamente
um débil mental.
Como hoje em dia não há certeza absoluta, confirma-se a "tese"
da fita, exposta num diálogo curto
e grosso: "Jovens idiotas nunca
aprendem". Será? Afinal, a burrice não é privilégio de ninguém,
muito menos de brasileiros.
Godard já observou que o atual
cinema americano não passa de
um fake, um fenômeno falso que
nada tem a ver com o verdadeiro
cinema americano, hoje um mito
do passado.
A bruxa (completamente presa
em cenas capengas) só serve como reflexão sobre a idiotice reinante. Mercado não é, nunca foi,
cultura. Os picaretas que me desculpem. Alguém deve ter faturado em cima disso e não só no
mercado americano. Enfim, a
corrupção burocrática deslanchou o cretinismo em todo o
mundo.
"A Bruxa de Blair", essa fitinha
chinfrim (impossível assistir até o
final), merece o grande prêmio
chamado "Haja Saco" do Rio Cine. O resto é conversa de bar novo-rico num momento pobre da
sétima arte, para não dizer abominável como esse filme.
Embora (infelizmente) o evento
tenha custado caro à Petrobras e à
Telemar, o filme foi vaiado em todas as sessões. Faltou somente
um asnocrata, qualquer pateta alvar, para receber a merecida ovação. Cotação: zero abaixo de zero
(e da crítica).
Só o tema é válido -a bruxaria
americana- desse subproduto
pasteurizado, isto é, televisivo, no
que a TV tem de pior: a masturbação transmental onde, a cada instante, sobrevêm novos anti-sustos.
Tudo é previsível e nada envolto
em circunstâncias com hálito de
irrealidade na rota de alguns adolescentes em busca de Coffin
Rock, onde se perde tempo, mas
os dólares sempre retornam aos
bolsos dos vivaldinos.
"Jovens idiotas nunca aprendem", diz algum entrevistado pela câmera capenga, que oscila até
a exasperação.
Todos os maus filmes já foram
feitos, faltam os inacabados.
Rogério Sganzerla é cineasta, diretor de "O
Bandido da Luz Vermelha" (68) e "Nem Tudo
É Verdade" (86), entre outros filmes
Avaliação:
Filme: A Bruxa de Blair
Produção: EUA, 1999, 81 min
Diretor: Daniel Myrick e Eduardo
Sanchez
Com: Heather Donahue, Joshua Leonard
e Michael Williams
Quando: estréia hoje nos cines SP
Market 9, Lumière 1, Eldorado 2 e circuito
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