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FESTA FECHADA
Dólar alto e MP elevam o custo de programas estrangeiros
Reprise de seriados e filmes pode aumentar
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos objetivos do congresso
da ABTA (Associação Brasileira
de Televisão por Assinatura), que
começa hoje, será discutir a medida provisória assinada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em setembro, que sobretaxa
programas estrangeiros.
A MP, que busca incentivar o cinema nacional, deve aumentar o
custo da programação da TV paga. As consequências poderiam
ser o aumento do número de reprises de filmes e seriados. A TAP
Brasil (que reúne a maior parte
dos canais estrangeiros no Brasil)
avalia que canais de filme serão os
mais prejudicados, podendo ter
um aumento de até 41% no custo
da programação. Para a associação, isso pode acarretar o fechamento dos canais menores.
"Isso vem num momento em
que nossos custos com programação já estão altos em razão do
dólar. Antes da grande desvalorização do real, esse custo representava 25% da receita. Hoje, chega a
44%. Com esse cenário, sem reforma fiscal e a taxa para o cinema, podemos caminhar para uma
total inviabilização do negócio",
diz Roberto Rio Branco, diretor
de operações da TVA.
Alberto Pecegueiro, diretor de
conteúdo da Globosat, afirma estar preocupado com a MP e que
"não se pode taxar uma indústria
acima da sua capacidade de pagar". Octavio Brasil, gerente de
marketing da Sky, diz que, se a lei
não for alterada, as programadoras terão de achar uma solução,
"porque o consumidor não vai
aceitar a queda da qualidade".
Na próxima quarta, haverá audiência pública no Senado sobre a
MP, na qual a ABTA deve entregar um documento, questionando a taxação. A medida, que já está valendo e pode ser reeditada,
será analisada pelo Congresso para ser aprovada como lei.
Se a negociação com o governo
não caminhar como espera o setor, programadores e operadores
dizem que entrarão na Justiça
contra a medida provisória.
Outro lado
Assunção Hernandez, vice-presidente do Congresso Brasileiro
de Cinema, que participou das
discussões prévias que conduziram à elaboração da MP, diz que a
argumentação da ABTA é "inteiramente absurda".
"Não estamos fechando as portas para ninguém, mas, sim, defendendo o similar brasileiro. Se o
produto brasileiro paga taxas no
mundo inteiro, por que o estrangeiro não pode ser taxado no Brasil? O fato de ter de pagar para exibir filmes estrangeiros ainda está
muito longe do que custa produzir um filme. Não merecemos ter
uma indústria cultural subdesenvolvida. Vejo isso como prepotência e desrespeito ao país. Podemos até perder essa briga, por
uma questão de lobby, de poder
econômico, mas, em termos de
justiça, não há dúvida de que é o
correto."
(LAURA MATTOS E SILVANA ARANTES)
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