São Paulo, sábado, 01 de outubro de 2005

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COMENTÁRIO

Espetáculo mostra elenco maduro e coeso

Balé traz vocabulá rio de movime ntos chilenos

MÔNICA ALLENDE SERRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Fiquei muito impressionada com o nível técnico de dançarinos tão jovens no espetáculo criado por Marcia Haydée -o mais novo membro do corpo de baile tem 17 anos e ingressou apenas há cinco anos na companhia. Mais ainda quando constato o amadurecimento na criação dos vários personagens. Destaco especialmente Carmem, embora a impressão foi deixada pelo conjunto de todos os membros do grupo, onde Marcela Goicoechea mostra o resultado prático de seu talento e de seu domínio técnico.
Creio que foi muito acertada a escolha desta obra por Marcia Haydée, pois faz parte do vocabulário de movimentos do chileno o uso do tempo e do espaço que esse balé exige: por um lado, o movimento preciso, herança do nosso sangue espanhol, e por outro, a sobriedade do gesto moldado pela presença austera das montanhas que, sem nos aperceber, influenciam desde cedo essa postura ereta e majestosa.
A qualidade do conjunto e o sucesso desta estréia em São Paulo descansam em muito mais do que na técnica e uma boa coreografia que esta obra garante. A diretora artística sabe disso e soube aproveitar as estruturas das formas expressivas que às vezes são ininteligíveis para o leigo, o que assiste sem interpretar, decifrar ou catalogar os elementos que o levam a aplaudir em pé esse grande espetáculo. Parabéns para Márcia Haydée e o Ballet de Santiago!


Mônica Allende Serra, primeira-dama de São Paulo, foi integrante do Ballet de Santiago nos anos 1970 e é doutora em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo

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