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COMENTÁRIO
Espetáculo mostra elenco maduro e coeso
Balé traz vocabulá rio de movime ntos chilenos
MÔNICA ALLENDE SERRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Fiquei muito impressionada
com o nível técnico de dançarinos tão jovens no espetáculo
criado por Marcia Haydée -o
mais novo membro do corpo
de baile tem 17 anos e ingressou
apenas há cinco anos na companhia. Mais ainda quando
constato o amadurecimento na
criação dos vários personagens. Destaco especialmente
Carmem, embora a impressão
foi deixada pelo conjunto de
todos os membros do grupo,
onde Marcela Goicoechea
mostra o resultado prático de
seu talento e de seu domínio
técnico.
Creio que foi muito acertada
a escolha desta obra por Marcia
Haydée, pois faz parte do vocabulário de movimentos do chileno o uso do tempo e do espaço que esse balé exige: por um
lado, o movimento preciso, herança do nosso sangue espanhol, e por outro, a sobriedade
do gesto moldado pela presença austera das montanhas que,
sem nos aperceber, influenciam desde cedo essa postura
ereta e majestosa.
A qualidade do conjunto e o
sucesso desta estréia em São
Paulo descansam em muito
mais do que na técnica e uma
boa coreografia que esta obra
garante. A diretora artística sabe disso e soube aproveitar as
estruturas das formas expressivas que às vezes são ininteligíveis para o leigo, o que assiste
sem interpretar, decifrar ou catalogar os elementos que o levam a aplaudir em pé esse
grande espetáculo. Parabéns
para Márcia Haydée e o Ballet
de Santiago!
Mônica Allende Serra, primeira-dama de São Paulo, foi integrante do
Ballet de Santiago nos anos 1970 e é
doutora em psicologia clínica pela
Universidade de São Paulo
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