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TEATRO
Sete companhias ocupam salas onde funcionava a administração da Funarte, no centro de São Paulo
Arena abriga movimento de resistência
ROGÉRIO EDUARDO ALVES
da Redação
O teatro paulista está em guerra.
Sete companhias teatrais da cidade estão preparando uma ação de
guerrilha. São sete peças curtas,
de até 60 minutos, encenadas no
segundo andar do prédio que
abriga o Teatro de Arena Eugênio
Kusnet, antes ocupado pela administração da Funarte.
Mais que um ciclo, o ocupArena
é um movimento de resistência,
que "não se resume a um teatro
agressivo. Pode estar em algo profundamente humano, delicado,
que emocione", explica Marcelo
Fonseca (de "A Filosofia na Alcova"), ator, diretor de teatro e do
festival.
O convite para a ocupação partiu da própria Funarte. O coordenador regional do órgão, José Silveira, conta que seu presidente
lançou o desafio de incrementar a
atividade no Arena.
Convidou, então, Fonseca , "representante contemporâneo do
teatro paulista". Silveira diz acreditar no potencial inovador de
Fonseca para essa ação emergencial, que prepara o terreno para
um projeto ambicioso para o começo de 2000, o Arena com-Vida.
É uma "loucura para tomar o Arena", diz o coordenador.
Segundo Fonseca, a urgência da
ocupação deveu-se a ameaças de
tombamento do segundo andar
do Arena, uma vez que foi um local onde se realizaram históricos
debates. "Pois vamos fazer história, agora, com teatro", comenta.
Para o diretor, "sem incentivo
governamental, sem subsídio e
sem o apoio da mídia, o teatro
paulista não-comercial está cada
vez mais restrito a pequenas salas,
com espetáculos de pouco público". Por isso, "o projeto para o
ano 2000 é estar vivo agora fazendo teatro", completa.
O ocupArena não recebe nenhum incentivo financeiro da Funarte, que está cuidando de toda a
infra-estrutura do novo espaço.
Mesmo assim, resolveu cobrar
apenas R$ 1,999 pelo ingresso.
O que é, também, uma forma de
criticar o governo. "Terão de inventar uma moeda nova para termos troco", afirma o diretor, que
oferecerá ao milésimo espectador
uma entrada gratuita.
No ciclo, serão encenadas sete
peças entre 8 de novembro e 18 de
dezembro.
A única ainda inédita nos palcos
paulistas é o "Exercício Aeróbico
para Padre e Banda nº 1 Opus
1999", de Marquês de Sade, dirigida por Marcelo Fonseca, com Carolina Gonzales e Caco Mattos.
A peça procura "devolver o que
estão nos fazendo, em cena, por
meio da arte", diz Fonseca. O diretor pretende satirizar a figura
do padre Marcelo Rossi e a enxurrada de propaganda religiosa que
invadiu a mídia.
A grande celebração do teatro
paulista será no último dia do ciclo. Em 18 de dezembro serão encenadas todas as peças em sequência, o que deve atravessar a
madrugada. Tudo com entrada
franca. O diretor também garante
que as pessoas poderão comer e
beber à vontade nas apresentações.
O movimento procura apenas
fazer teatro. "Quero ser respeitado de igual para igual", diz Fonseca, e completa "quanto mais apertar, mais vamos para a ofensiva".
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