São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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Parceiros habituais, Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown rendem-se a primeiro projeto coletivo

Enfim, juntos

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

A promessa de uma pequena revolução no seio da MPB comanda o discurso, as atitudes e o resultado de "Tribalistas", o projeto de encontro artístico entre Arnaldo Antunes, 42, Carlinhos Brown, 37, e Marisa Monte, 35.
O projeto visa "falar da decadência do individualismo, que já pode ser sentida não só na música, mas em várias áreas", afirma Marisa, justificando a interrupção de cada carreira individual rumo à criação coletiva de um paulista, um baiano e uma carioca.
Arnaldo aponta que há "uma forma de fazer as coisas que foi criada por um costume da indústria e da mídia", mas que "as coisas podem ser diferentes", referindo-se ao fato de que "Tribalistas" foi produzido intimamente, sem montagens de estúdio nem utilização de colagens ou músicos profissionais.
Eles dão esses depoimentos em entrevista institucional concedida ao amigo Nelson Motta, para promover o lançamento. O silêncio diante da imprensa é outro dos pontos estratégicos.
Não há show previsto, e por isso um DVD com clipes e recortes de bastidores das gravações sai simultaneamente ao CD. Em mais um exemplo da comunicação controlada dos "Tribalistas" com o público, o DVD terá première na Rede Globo, na madrugada de domingo para segunda-feira.
O resto será silêncio, mobilizado também pela gravidez de sete meses de Marisa, pela gravação do novo disco de Brown na BMG espanhola, pela turnê de Arnaldo.
"Não há condições para um show, há as carreiras individuais de cada um. A conversa com Nelson Motta não tem a preocupação de ser uma entrevista jornalística, mas a exploração informal do processo. O princípio primeiro é que esse trabalho só seria feito se fosse assim. Seria cancelado se não fosse", justifica o empresário de Marisa e diretor de produção do projeto, Leonardo Netto.
"É a reunião de uma geração da música brasileira, que nunca havia sido feita nos anos 90. Não é mercantilista", afirma ele, que diz que Marisa, embora vendedora de discos sempre mais bem-sucedida, dividirá direitos de forma equânime com os outros dois.
O disco sai em forma de parceria da EMI (gravadora que teve Marisa desde o início de sua carreira) com o selo Phonomotor, de propriedade de Marisa. Brown havia sido dispensado da mesma EMI pouco antes do projeto "Tribalistas" se concretizar -e não tinha ainda o contrato com a BMG espanhola, só agora anunciado.
A BMG brasileira, contratante de Arnaldo, diz que ele foi liberado cordialmente para participar do projeto. A gravadora não responde aos rumores de que ele estaria de saída de seu elenco.
Leonardo Netto confirma a liderança de Marisa na concretização, em disco coletivo, da já duradoura parceria dos três artistas.
"Ela é líder não na vontade e no desejo de fazer isso, mas no sentido de ser uma catalisadora da concretização desse trabalho", diz. Marisa é creditada como produtora do disco, enquanto Brown, Arnaldo e o parceiro Alê Siqueira são co-produtores.
Os tribalistas se completam com os músicos Cézar Mendes e Dadi (ex-A Cor do Som) e com participação especial da baiana Margareth Menezes em "Passe em Casa". E ninguém mais.


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