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Parceiros habituais, Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown rendem-se a primeiro projeto coletivo
Enfim, juntos
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
A promessa de uma pequena revolução no seio da MPB comanda
o discurso, as atitudes e o resultado de "Tribalistas", o projeto de
encontro artístico entre Arnaldo
Antunes, 42, Carlinhos Brown, 37,
e Marisa Monte, 35.
O projeto visa "falar da decadência do individualismo, que já
pode ser sentida não só na música, mas em várias áreas", afirma
Marisa, justificando a interrupção
de cada carreira individual rumo
à criação coletiva de um paulista,
um baiano e uma carioca.
Arnaldo aponta que há "uma
forma de fazer as coisas que foi
criada por um costume da indústria e da mídia", mas que "as coisas podem ser diferentes", referindo-se ao fato de que "Tribalistas" foi produzido intimamente,
sem montagens de estúdio nem
utilização de colagens ou músicos
profissionais.
Eles dão esses depoimentos em
entrevista institucional concedida
ao amigo Nelson Motta, para promover o lançamento. O silêncio
diante da imprensa é outro dos
pontos estratégicos.
Não há show previsto, e por isso
um DVD com clipes e recortes de
bastidores das gravações sai simultaneamente ao CD. Em mais
um exemplo da comunicação
controlada dos "Tribalistas" com
o público, o DVD terá première
na Rede Globo, na madrugada de
domingo para segunda-feira.
O resto será silêncio, mobilizado também pela gravidez de sete
meses de Marisa, pela gravação
do novo disco de Brown na BMG
espanhola, pela turnê de Arnaldo.
"Não há condições para um
show, há as carreiras individuais
de cada um. A conversa com Nelson Motta não tem a preocupação
de ser uma entrevista jornalística,
mas a exploração informal do
processo. O princípio primeiro é
que esse trabalho só seria feito se
fosse assim. Seria cancelado se
não fosse", justifica o empresário
de Marisa e diretor de produção
do projeto, Leonardo Netto.
"É a reunião de uma geração da
música brasileira, que nunca havia sido feita nos anos 90. Não é
mercantilista", afirma ele, que diz
que Marisa, embora vendedora
de discos sempre mais bem-sucedida, dividirá direitos de forma
equânime com os outros dois.
O disco sai em forma de parceria da EMI (gravadora que teve
Marisa desde o início de sua carreira) com o selo Phonomotor, de
propriedade de Marisa. Brown
havia sido dispensado da mesma
EMI pouco antes do projeto "Tribalistas" se concretizar -e não tinha ainda o contrato com a BMG
espanhola, só agora anunciado.
A BMG brasileira, contratante
de Arnaldo, diz que ele foi liberado cordialmente para participar
do projeto. A gravadora não responde aos rumores de que ele estaria de saída de seu elenco.
Leonardo Netto confirma a liderança de Marisa na concretização,
em disco coletivo, da já duradoura parceria dos três artistas.
"Ela é líder não na vontade e no
desejo de fazer isso, mas no sentido de ser uma catalisadora da
concretização desse trabalho",
diz. Marisa é creditada como produtora do disco, enquanto
Brown, Arnaldo e o parceiro Alê
Siqueira são co-produtores.
Os tribalistas se completam
com os músicos Cézar Mendes e
Dadi (ex-A Cor do Som) e com
participação especial da baiana
Margareth Menezes em "Passe
em Casa". E ninguém mais.
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