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DISCO/CRÍTICA
"Tribalistas" propõem volta à solidariedade
DA REPORTAGEM LOCAL
Três cabeças pensam melhor
do que uma? Definitivamente sim, no que depender de "Tribalistas". Arnaldo Antunes vê diluídos os traços de conceitualismo banal que o atrapalham e oferece densidade poética que nem
Carlinhos Brown nem Marisa
Monte jamais possuíram. Brown
livra-se do embaraço que tem em
transmitir seus pontos de vista e
presenteia alegria e liberdade que
os outros nem sonhavam cobiçar.
E Marisa alegoriza a síntese entre a racionalidade de Arnaldo e a
espontaneidade de Brown. Ela é
dona inequívoca do projeto, sinalizando o advento de uma música
matriarcal no Brasil. E conduz a
improvável aliança São Paulo-Bahia-Rio, na proposição de uma
nova solidariedade.
A relação com a indústria se escande, e a EMI já tratou de levar
ao topo das paradas "Já Sei Namorar", pop desavergonhado
(sem a apelação de "Amor I Love
You") que ousa dizer o seguinte à
massa: "Não tenho paciência para
televisão/ eu não sou audiência
para a solidão". É canção pró-amor livre, contra a claustrofobia
do amor idealizado. É anti-Roberto Carlos, como é também a antiplatônica "Carnalismo".
Justaposições acontecem na linda "Carnavália", que abre o CD
tentando reconciliar samba e tropicalismo, e na perseguição ao espírito hippie dos Novos Baianos.
Se há proposta de revolução, ela é
essencialmente conservadora,
porque toda apegada a dogmas
dos 60 e 70. É sincero, a cara dos
três. E o futuro ainda não chegou.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Tribalistas
Lançamento: Phonomotor/ EMI
Quanto: R$ 25 (o CD) e R$ 40 (o DVD)
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