São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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DISCO/CRÍTICA

"Tribalistas" propõem volta à solidariedade

DA REPORTAGEM LOCAL

Três cabeças pensam melhor do que uma? Definitivamente sim, no que depender de "Tribalistas". Arnaldo Antunes vê diluídos os traços de conceitualismo banal que o atrapalham e oferece densidade poética que nem Carlinhos Brown nem Marisa Monte jamais possuíram. Brown livra-se do embaraço que tem em transmitir seus pontos de vista e presenteia alegria e liberdade que os outros nem sonhavam cobiçar.
E Marisa alegoriza a síntese entre a racionalidade de Arnaldo e a espontaneidade de Brown. Ela é dona inequívoca do projeto, sinalizando o advento de uma música matriarcal no Brasil. E conduz a improvável aliança São Paulo-Bahia-Rio, na proposição de uma nova solidariedade.
A relação com a indústria se escande, e a EMI já tratou de levar ao topo das paradas "Já Sei Namorar", pop desavergonhado (sem a apelação de "Amor I Love You") que ousa dizer o seguinte à massa: "Não tenho paciência para televisão/ eu não sou audiência para a solidão". É canção pró-amor livre, contra a claustrofobia do amor idealizado. É anti-Roberto Carlos, como é também a antiplatônica "Carnalismo".
Justaposições acontecem na linda "Carnavália", que abre o CD tentando reconciliar samba e tropicalismo, e na perseguição ao espírito hippie dos Novos Baianos. Se há proposta de revolução, ela é essencialmente conservadora, porque toda apegada a dogmas dos 60 e 70. É sincero, a cara dos três. E o futuro ainda não chegou.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)

Tribalistas


    
Lançamento: Phonomotor/ EMI
Quanto: R$ 25 (o CD) e R$ 40 (o DVD)




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