São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2005

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MÚSICA

Banda inglesa de hard rock, liderada pelo vocalista Ian Gillan, 60, retorna ao Brasil para mais uma série de shows

Idoso, Deep Purple se diz contemporâneo

DANIEL BUARQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

A voz rouca que atende ao telefone, direto do hotel no México, reforça o que nos palcos ainda não se percebe. O lendário vocalista do Deep Purple, Ian Gillan, está com 60 anos. "Não posso mais cantar uma música como "Child in Time" há 15 anos", admite em entrevista à Folha, para logo depois rebater que o que a banda faz é atual e não apenas "cabaré do rock and roll".
De volta ao Brasil depois de dois anos de ter feito sete shows no país, o grupo inglês surgido em 1968 e responsável por um dos riffs mais conhecidos do planeta -o início de "Smoke on the Water"- lança mais um disco de inéditas, o ótimo "Rapture of the Deep", em que se defende como uma banda contemporânea, deixa claro que a idade não é problema para a performance e se prepara para mais dois anos de shows pelo mundo.
Nos shows desta semana em São Paulo (hoje e quinta) e no Rio (sexta), três dessas novas músicas e muitos dos "clássicos desde a Idade da Pedra, passando pela Idade Média, e chegando aos dias atuais", disse Gillan.

 

Folha - Faz dois anos desde o último show do Deep Purple no Brasil. O que vai ser diferente desta vez?
Ian Gillan -
Estamos apresentando nosso novo disco e já vamos tocar três músicas dele. Fazemos sempre arranjos de última hora, decidindo o repertório no camarim antes de subir no palco. Claro que vamos tocar músicas tradicionais da banda, desde a "Idade das Pedras", passando pela "Idade Média" até os dias atuais...
Nossos fãs sabem que há mais de 15 anos não tocamos músicas como "Child in Time". Se tocarmos, a turnê acaba. Cantá-la me manda direto para o hospital e eu passaria meses falando com a voz completamente rouca. Desde muito novo eu não podia nem falar depois de cantá-la, hoje eu não tenho mais idade mesmo. A banda ainda é contemporânea e tentamos balancear tudo o que fizemos ao longo do tempo

Folha - Você ainda gosta de tocar músicas mais antigas e clássicas, como "Smoke on the Water"?
Gillan -
Claro que gostamos muito, senão não as estaríamos tocando. Mas digo que, se fossem apenas essas músicas, eu já teria largado esse emprego há muito tempo. A principal razão de ser prazeroso tocar as clássicas é o fato de haver as novas. Se não fosse assim, estaríamos falando de "cabaré do rock and roll", e isso não me interessa.

Folha - E o que você acha dessas novas músicas?
Gillan -
Eu as amo. Acho, na verdade, que este é meu disco preferido entre os que gravei com o Deep Purple. Claro que quero julgá-las de forma distante, então diria que em dois anos poderia dar uma avaliação menos emocional.

Folha - Mudou alguma coisa no processo de gravação das músicas ao longo das últimas décadas?
Gillan -
Tecnicamente as coisas mudaram muito. Hoje gravamos tudo direto no computador, mas a performance é exatamente a mesma.

Folha - É difícil se manter uma banda contemporânea?
Gillan -
Não somos apenas o grupo que criou "Smoke on the Water" e temos um ótimo novo álbum sendo lançado agora. Estamos juntos há muito tempo, somos como uma família. Amamos tocar em shows e compor novas músicas. Não nos preocupamos com o processo, gostamos apenas de tocar. As pessoas têm uma idéia muito errada sobre o que é tocar numa banda famosa. Somos caras comuns que tocam música e se divertem juntos.

Folha - Vocês ouvem música juntos, ou conversam isso?
Gillan -
Nunca. Toda essa "cena" do rock atual é hilária.

Folha - Há alguma banda nova de rock de que vocês gostem?
Gillan -
Prefiro não comentar. Estou muito velho para isso.


Deep Purple
Quando:
hoje e quinta, às 21h30, em São Paulo, e sexta, às 22h30, no Rio
Onde: Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, São Paulo, tel. 0/xx/11/6846-6000); Claro Hall (av. Ayrton Senna, 3.000, cj. 1.005, Rio de Janeiro, tel. 0/xx/21/ 2156-7300)
Quanto: de R$ 90 a R$ 250


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